A nova série da Netflix traz o elemento essencial do sucesso nos dias de hoje: mexer com o imaginário das pessoas, brincando com as coisas sagradas.
A nova investida do serviço de streaming é a adaptação cinematográfica do roteiro de Mike Flanagan, um ex-católico que agora flerta com o ateísmo, após – palavras dele – descobrir nas religiões a “propensão para o perdão e a fé”.
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A série entrega em 7 episódios muita tensão, numa escalada sem limites para prender a atenção do telespectador.
A essência da série é a chegada no novo Padre designado para a comunidade da Ilha Crocket. Ele traz um novo vigor para a vida da igreja local, junto com um segredo obscuro. Pregações inflamadas e até milagres começam a acontecer na pequena comunidade, junto de revelações horríveis e situações dramáticas.
Há muitos pontos a considerar, até entendermos realmente o que está acontecendo. Chega-se a pensar que realmente está acontecendo um novo despertar da fé na comunidade, como a participação mais efetiva nas missas a partir da chegada do novo pastor. Contudo, ao longo dos episódios, descobre-se que não estava acontecendo nada de divino. Pelo contrário.
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Cura de uma paralítica
Em um dos episódios, na hora da comunhão vemos o Padre chamar uma jovem paralítica para ficar de pé e ir ao seu encontro. Todos ficam abismados, pois a jovem teve sua espinha ferida por um tiro de espingarda e a essa lesão inutilizou suas pernas. A cena é tão comovente que chegamos a pensar que, de fato, o Padre estava iluminado por algum carisma especial de milagres.
Mulher idosa doente rejuvenesce comungando todos os dias
Celebrando todos os dias para uma mulher idosa e doente da comunidade, o padre lhe dá a comunhão. Inexplicavelmente a mulher começa a ficar curada e o mais estranho: rejuvenesce.
Mas afinal, a série narra milagres verdadeiros?
Atenção: caso não goste de spoilers, não continue!
O choque final se dá quando se descobre o motivo de todas essas coisas estarem acontecendo. Chega-se a acreditar em algo divino, até se perceber tratar de uma cilada satânica.
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O Monsenhor Paul Hill vai fazer uma peregrinação para a Terra Santa e lá se perde do grupo – ao longo dos episódios é explicado que ele já está sofrendo de demência e perde a consciência para a realidade – entrando numa caverna para se proteger de uma fortíssima tempestade de areia.
Na escuridão do local, acaba sendo atacado por um vampiro que lhe concede “o dom da imortalidade” (sempre ele), oferecendo-lhe uma nova forma de viver e rejuvenescendo-o. Imediatamente o Padre acredita que encontrou um “anjo do Senhor” e não um vampiro e volta para a ilha com o semblante mais jovem (e como vampiro), convidando o “anjo” a ir com ele para levar a boa notícia para todos os seus paroquianos.
De aspecto jovem, o pobre padre não pode simplesmente retornar e apresentar-se como o Monsenhor idoso que fora para a Terra Santa. Então, decide se apresentar como um novo sacerdote que viera substituir o Monsenhor Hill, adoentado que ficou na peregrinação, até que ele se recupere. O que ninguém esperava é que o novo Padre tivesse uma rápida aceitação na comunidade, levando toda a ilha a se voltar para a prática da fé.
A missa “negra”
O “anjo” vampiro se comunica diretamente com o Padre para orientá-lo ao que fazer. O Padre, por acreditar em algo divino e tendo ele próprio experimentado os efeitos daquele “sangue divino”, entende que seria esse sangue uma espécie de “sacramento” da presença real de Deus. Decide, então, que pediria ao “anjo” para encher com seu sangue garrafas de vidro estabelecidas e que misturaria esse sangue com o vinho para consagração da santa missa diária. Durante a comunhão, as pessoas não bebiam somente o vinho consagrado, mas uma mistura do sangue do vampiro com o vinho no qual o Padre proferiu as palavras da oração eucarística. Como se já não bastasse tamanha profanação, no episódio final, o “anjo” vampiro aparece na missa paramentado como sacerdote para “oferecer” um novo milagre: aqueles que beberam seu sangue durante todas as missas, se aceitassem morrer, ressuscitariam logo depois, vencendo a morte. Só que esse ressuscitar traria consigo a maldição da sede de sangue.
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Conclusão
Os símbolos sagrados estão sendo cada vez mais tornados obsoletos e nesse caso, não estamos tratando de um símbolo qualquer, mas da presença real de nosso Senhor Jesus na Santa Eucaristia.
A cena em que o Padre pede ao vampiro para encher as garrafas de vidro com seu sangue, a fim de misturá-lo com o vinho da consagração é tão chocante que nos remonta aos mais altos rituais satânicos existentes.
Jesus, pela Vossa dolorosa paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.