O verdadeiro ministro de cura e libertação não se autoproclama; ele é chamado. Esse chamado exige um coração puro e uma vida irrepreensível. Não basta saber orar, impor as mãos ou proclamar libertação — é preciso ser morada do Espírito Santo. A Igreja nos recorda que “todos os fiéis cristãos são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (Catecismo da Igreja Católica, CIC §2013). O ministro que atua nesse campo espiritual deve fugir das tentações do ego e da autopromoção. “Que aquele que serve o faça na força que Deus provê, a fim de que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo” (1Pe 4,11). O ministério não é palco para estrelismo, mas terreno sagrado onde se pisa com temor e tremor. Por isso, o primeiro mandamento de um ministro deve ser: santidade e anonimato, para que somente Cristo brilhe.
Muitos caem no erro de ultrapassar os limites da autoridade espiritual que a Igreja permite aos leigos. É dever do ministro conhecer esses limites, agir com prudência e nunca assumir o lugar de um sacerdote ou exorcista nomeado pelo bispo. O Ritual do Exorcismo (De Exorcismis et Supplicationibus Quibusdam) é claro: o exorcismo solene só pode ser realizado por um sacerdote com permissão expressa do Ordinário local. A desobediência abre brechas perigosas. “A obediência vale mais do que o sacrifício” (1Sm 15,22), e Santo Inácio de Loyola já advertia: “Onde não há obediência, não há Espírito de Deus”. O verdadeiro ministro é servo da autoridade eclesial, nunca rebelde travestido de espiritualidade. Ele sabe que, ao agir unido à Igreja, sua oração ganha força no Céu. O demônio teme ministros obedientes, não autônomos.
Oração e Jejum: Armas Indispensáveis no Campo da Batalha Espiritual
Ministrar cura e libertação sem vida de oração profunda e jejum constante é como entrar num campo de guerra desarmado. O próprio Senhor Jesus declarou: “Essa espécie de demônio não se expulsa senão pela oração e pelo jejum” (Mt 17,21). O ministro que negligencia essas práticas está vulnerável ao contra-ataque espiritual, muitas vezes sutil, mas letal. O Catecismo também confirma: “A oração e o jejum são formas poderosas de união com o sofrimento de Cristo” (CIC §1434). O jejum alinha o corpo ao espírito, e a oração constante mantém o ministro conectado ao céu. Um ministro sem vida sacramental, sem confissão regular, sem direção espiritual, está fora da rota da proteção divina. Portanto, jejuar não é opcional. Orar não é complemento. É estrutura. É sobrevivência.
Autoridade que Flui da Intimidade com Deus, Não do Cargo ou Técnica
Não é o grito, o estilo ou a formação que dá autoridade ao ministro — é o nível de intimidade com Jesus. É no quarto secreto da oração, onde ninguém vê, que se forja a autoridade que expulsa o mal. “E eis que vos dei poder para pisar serpentes e escorpiões e toda força do inimigo” (Lc 10,19) — mas esse poder é delegado a quem vive unido ao Coração de Deus. Não se trata de métodos ou fórmulas, mas de ser um com Cristo. O ministro eficaz não é aquele que decora orações, mas o que vive em estado de graça, que frequenta a Eucaristia, que ama a Palavra e que trata as almas com misericórdia. Santo Antão, pai do monaquismo, derrotava demônios pelo simples fato de viver com retidão. O ministro moderno precisa recuperar esse princípio: autoridade espiritual é fruto de santidade interior.
Urgência Espiritual: O Tempo é Curto, e as Trevas Estão Avançando
O tempo de atuar é agora. O inimigo não descansa e tem aliciado corações inclusive dentro da própria Igreja. “O vosso adversário, o diabo, anda ao redor de vós como um leão que ruge, procurando a quem devorar” (1Pe 5,8). Ministros que dormem, que se distraem com vaidades ou que atuam sem cobertura espiritual são presas fáceis. O combate é real. O inferno é real. E muitos estão sendo destruídos por falta de ministros preparados. “O meu povo perece por falta de conhecimento” (Os 4,6). Não basta boa vontade — é necessário formação contínua, zelo doutrinal, submissão à Igreja e paixão pelas almas. O ministro que leva isso a sério é uma fortaleza espiritual que Deus usa para resgatar vidas do abismo. O ministro relaxado, por outro lado, pode tornar-se instrumento de escândalo e confusão.
Vigilância Constante e Amor Radical pela Verdade
O ministério de cura e libertação é um campo sagrado onde só devem pisar os que têm os joelhos calejados, o coração em chamas e os olhos fixos no Céu. O ministro deve ser vigilante como um soldado, humilde como um servo e firme como uma rocha. Toda sua conduta deve refletir a beleza da verdade católica. Ele é sinal do Reino, não protagonista de espetáculo. A autoridade não está em suas palavras, mas em sua vida. E sua missão não é ser admirado, mas ser canal de libertação para os que sofrem. “Sede santos, porque Eu sou santo” (1Pe 1,16). Que cada ministro possa, ao final de sua vida, ouvir de Cristo: “Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor” (Mt 25,23).


