Introdução
Nos últimos anos, observa-se um aumento significativo de pessoas que, convencidas ou em dúvida sobre sofrerem a ação extraordinária do maligno — seja por vexação, obsessão, possessão ou infestação diabólica — procuram auxílio espiritual. Esse movimento, embora legítimo em muitos casos, tem gerado também situações de confusão, especialmente quando indivíduos sem formação adequada ou sem autorização da Igreja se apresentam como exorcistas.
O Mandato do Ordinário
O documento da Associação Internacional dos Exorcistas recorda que o exorcismo é um ministério confiado por Cristo à sua Igreja e que, por sua natureza delicada e exigente, requer discernimento e autoridade.
Somente aqueles que receberam mandato explícito do Ordinário (o bispo diocesano) podem exercer este ministério. Essa licença não é mera formalidade burocrática, mas uma garantia de que o sacerdote:
- Possui a formação teológica e pastoral necessária.
- Age em comunhão com a Igreja e sob sua autoridade legítima.
- Está preparado para discernir entre fenômenos espirituais e situações de ordem psicológica ou médica.
Riscos da Ausência de Licença
Quando pessoas sem preparação ou sem mandato episcopal se apresentam como exorcistas, os riscos são graves:
- Confusão no povo de Deus, especialmente entre os mais simples e fragilizados.
- Exposição a práticas supersticiosas ou inadequadas, que podem aumentar o sofrimento em vez de trazer alívio.
- Desvio da fé autêntica, colocando o foco em rituais sem fundamento ou em protagonismos pessoais, em vez de na ação libertadora de Cristo.
O Discernimento Necessário
Reconhece-se que existem situações reais que exigem a intervenção do ministério do exorcismo. No entanto, o discernimento sobre a autenticidade de uma ação demoníaca extraordinária deve ser feito por quem tem formação sólida e mandato da autoridade eclesiástica. Assim, evita-se tanto o negacionismo quanto o exagero, garantindo que o fiel receba o cuidado espiritual adequado.
Conclusão
O exorcismo não é um campo aberto a iniciativas individuais. É um ministério de misericórdia e libertação, que exige prudência, obediência e comunhão com a Igreja. A licença do bispo é, portanto, um sinal de proteção e de responsabilidade pastoral, assegurando que o povo de Deus seja acompanhado com seriedade, respeito e verdadeira fé.


