Há algum tempo eu estava assistindo a uma palestra do saudoso Padre Rufus Pereira realizada aqui no Brasil. Nela, ele citava que o caso mais difícil que já tinha testemunhado e rezado foi aqui, em nosso País. Foi o caso de uma pessoa que, durante os dias em que ele estava ministrando pregações e orações, ela entrou em transe e permaneceu assim por três dias seguidos, sem voltar ao seu estado normal. Ele pregava, orava e, ao final de cada palestra, ia ao encontro dessa pessoa para rezar por ela. Foi assim ao longo dos três dias. Fiquei refletindo neste caso para compreender o que Jesus queria mostrar com tal situação, haja vista que o transe é o momento em que o demônio apodera-se da pessoa, controlando seus sentidos, modo de agir e falar. Contudo, Deus sempre tem o controle de tudo em suas santas mãos. A santa Palavra de Deus nos ensina que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Cf. Rm 8, 28).
Há alguns dias, eu tive a oportunidade de conversar com um dos Exorcistas Oficiais que acompanham o Portal e partilhei com ele sobre este caso do Padre Rufus. Para a minha surpresa, ele me contou que conhecia muito bem essa história, pois era um caso da sua Diocese que ele mesmo exorcizou por 4 anos. Conversamos longamente sobre isso, e ele me relatou que esse caso foi cheio de peculiaridades. Disse ele:
“Quando soube que o Padre Rufus viria ao Brasil, eu mesmo pedi a essa pessoa que eu estava exorcizando que se preparasse para ir até o encontro de oração. Ela foi e já no primeiro dia de encontro entrou em transe e permaneceu assim por 3 dias. Tal foi minha surpresa quando fui chamado às pressas na Comunidade onde acontecia o encontro para exorcizá-la, pois o demônio dizia que não podia sair, pois na diocese dela havia exorcista. Fui às pressas!”
Partilhamos muito sobre esse caso e eu tive a oportunidade de perguntar a esse Exorcista porque ele acreditava que Nosso Senhor Jesus tinha permitido acontecer de a possessa permanecer em transe por 3 dias e só melhorar quando ele foi ao seu encontro para exorcizá-la. A resposta me deixou emocionado:
“Para mostrar a beleza da Igreja! Padre Rufus sempre dizia que o demônio obedece a Igreja e sua organização.”
Fiquei refletindo em um outro caso muito grave que eu já acompanho há muitos anos. Liguei para o exorcista dessa pessoa e partilhei esse caso do Padre Rufus. Conversamos longamente e eu disse a ele que fiquei admirado de ver as semelhanças com o caso que estávamos acompanhando, ele exorcizando e eu intercedendo. Ele me ouviu atentamente e me disse algo que ressoou em meu coração:
“Deus sempre usa o mal que o demônio faz para fazer um bem. Todo mal que ele pratica, Deus acaba usando-lo contra ele mesmo para o fazer o bem, o inimigo cai em sua própria armadilha!”
Para você que é ministro de cura e libertação e sabe do tamanho da sua responsabilidade para com as almas, deixo esse alerta: não brinquemos com as almas! Tenhamos muita clareza do grande amor de Deus para com seus filhos. A pessoa que sofre com a possessão sempre manifesta a glória de Deus. Alguns acreditam que ela sofre porque pecou, porque os familiares desagradaram a Deus e pecaram, porque é uma pecadora, porque sua família merece sofrer por todo o mal que ela fez. Certa vez, em uma empresa em que eu trabalhava, partilhei com o meu superior – que sabia que eu acompanhava casos reais de possessão – sobre um caso muito difícil em que a pessoa teve envolvimento com satanismo. Ele me ouviu e sem um pingo de misericórdia disse: “Mas será que para essa pessoa ainda há salvação?”
Fiquei tão espantado que tive de iniciar ali mesmo uma pequena evangelização. Disse ao meu superior que Deus é misericórdia e sempre espera que voltemos o coração para Ele, que nos arrependamos e consigamos buscar Nele a redenção. Mas meu superior não ficou convencido. Percebi ali, que Deus permite certas situações para que possamos ser canal Dele para apresentar às pessoas a sua misericórdia. Quando Padre Rufus vinha ao Brasil, são inúmeros os testemunhos de casos terríveis e gravíssimos de possessão de que as pessoas alcançaram a libertação quando ele rezava. Sem dúvida nenhuma, podemos perceber que num país como o nosso, onde existem pouquíssimos Sacerdotes Exorcistas Oficiais, nosso Senhor usou do Padre Rufus para libertar essas pobres almas que voltariam para suas dioceses e não teriam um sacerdote autorizado para lhes atender, orar com elas e as exorcizar.
Nos últimos anos, temos percebido um aumento dos casos de possessão. Também temos percebido o aumento dos sacerdotes (ainda que de maneira tímida) que receberam de seus bispos a licença para exorcizar os possuídos.
Agradeçamos ao Senhor, nosso Deus, por sua misericórdia para conosco. A Ele a glória e o louvor por todos os séculos dos séculos.
Amém!
Artigo publicado no ano de 2020, por nosso editor Rodrigo Cardoso, para assinantes.


