Orientações conforme a doutrina da Igreja e as diretrizes da Associação Internacional dos Exorcistas (AIE)
A Igreja sempre ensinou que o combate espiritual é real, mas deve ser vivido com prudência, obediência e profundo senso de responsabilidade pastoral. Embora Deus possa suscitar dons e carismas variados para a edificação do Corpo de Cristo, a ação diante de uma possível manifestação demoníaca exige clareza doutrinária e respeito às normas estabelecidas. As orientações da Associação Internacional dos Exorcistas (AIE) ajudam a Igreja a evitar exageros, improvisações e erros graves que podem causar danos espirituais, psicológicos ou morais às pessoas envolvidas.
Este artigo apresenta, de forma clara e segura, como os leigos devem agir — e como não devem agir — quando se deparam com sinais que possam indicar uma ação extraordinária do maligno.
1. Exorcismo maior é exclusivo do sacerdote autorizado
O rito de exorcismo maior, também chamado de exorcismo solene, só pode ser realizado por um sacerdote expressamente autorizado pelo bispo diocesano. Nenhum leigo, religioso ou sacerdote não autorizado pode realizar o exorcismo maior, pois isso violaria a norma canônica e colocaria em risco a saúde espiritual e psicológica da pessoa envolvida.
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A função do exorcista não é fruto de boa vontade ou carisma espontâneo — é um munus concedido pela autoridade eclesiástica, acompanhado de formação específica, discernimento contínuo e prudência pastoral.
2. O papel legítimo do leigo: oração, intercessão e apoio
A Igreja reconhece um espaço verdadeiro para o leigo no ministério de libertação, quando este atua com humildade e em colaboração com a Igreja, sobretudo como:
- intercessor,
- sustentação espiritual da pessoa aflita,
- presença equilibrada e de apoio humano,
- auxiliar em orações privadas de súplica e clamor a Deus.
Em nenhum momento o leigo tem permissão para ordenar ao demônio, “expulsar espíritos”, realizar rituais improvisados, tocar objetos na pessoa para “testar” manifestações ou usar sacramentais com sentido mágico.
A oração do leigo deve ser de súplica, nunca de comando.
3. Discernimento sério: distinguir o espiritual do psicológico
A AIE enfatiza que muitos casos atribuídos ao demônio são, na realidade, situações de:
- sofrimento emocional,
- transtornos psicológicos,
- doenças psiquiátricas,
- traumas ou situações de estresse intenso.
O leigo não deve fazer “diagnóstico espiritual”.
Sempre que houver dúvida, a pessoa deve ser encaminhada:
- ao médico,
- ao psiquiatra,
- ao psicólogo,
- e, paralelamente, ao sacerdote responsável.
A Igreja jamais ignora a ciência; ao contrário, trabalha em conjunto com ela.
4. Evitar práticas supersticiosas, sensacionalistas ou esotéricas
A AIE condena expressamente:
- fotografias para “detectar demônios”,
- rituais caseiros,
- confrontos diretos,
- métodos de adivinhação,
- objetos usados como amuletos,
- água, sal ou óleo usados como “poder mágico”,
- gritos, ameaças ou improvisações contra o maligno,
- consultas esotéricas e terapias de energia.
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Qualquer uma dessas práticas abre portas para enganos perigosos, confusões psicológicas e graves distorções da fé.
5. A vida sacramental como primeira proteção
A melhor defesa não é a busca obsessiva por “libertação”, mas a vida cristã bem vivida:
- Confissão frequente
- Santa Missa
- Leitura orante da Palavra
- Caridade concreta
- Perdão e vida moral coerente
O propósito da libertação é restaurar a comunhão com Cristo, não “combater o mal” como um espetáculo.
6. Diante de algo grave: manter a calma e buscar o sacerdote
Se houver sinais sérios de possível ação extraordinária, como:
- comportamentos incontroláveis e inexplicáveis,
- aversão violenta ao sagrado,
- forças desproporcionais,
- fenômenos que superam causas naturais,
o leigo deve:
- Manter a calma
- Proteger a pessoa de si mesma
- Evitar julgamentos precipitados
- Rezar em silêncio ou em voz baixa
- Chamar um sacerdote imediatamente
- Orientar a pessoa para atendimento médico simultâneo
Jamais — sob hipótese alguma — tentar confrontar a entidade.
7. Leigos escolhidos por Deus com um carisma extraordinário
Existem leigos que, por desígnio de Deus, recebem um carisma peculiar que os capacita a atuar de modo mais intenso no ministério de libertação. Quando esse dom é autêntico, ele sempre se manifesta em plena comunhão com a Santa Igreja, sob direção espiritual firme de um sacerdote e com o olhar atento do Bispo diocesano, que é a autoridade competente para reconhecer, acompanhar e discernir esse tipo de missão. Nessas circunstâncias, o leigo pode ser chamado, pela graça divina, a exercer orações de libertação que incluem ordens simples e diretas contra o mal, sempre dentro dos limites permitidos pela Igreja e jamais confundidas com o exorcismo maior.
Já relatamos aqui no Portal o caso de Maria Gabriela, que recebeu esse carisma e, por mais de trinta anos, ajudou inúmeras pessoas a encontrar libertação em Cristo Jesus. Seu ministério foi marcado pela obediência total à Igreja, pela vida sacramental constante, pela humildade e pela submissão plena às orientações da autoridade eclesiástica. Como o caso dela, existem outros — ainda que poucos — em que leigos escolhidos, confirmados por Deus e obedientes à Santa Igreja, foram instrumentos de libertação e chegaram, inclusive, a dar comandos firmes para que o maligno cessasse de atormentar a pessoa aflita.
Contudo, é fundamental recordar que casos assim são raros e excepcionais, concedidos a pouquíssimos fiéis e sempre sujeitos ao discernimento contínuo da autoridade espiritual competente, especialmente o Bispo diocesano. Além disso, o leigo não está habilitado a realizar o exorcismo maior, nem lhe é permitido interrogar demônios ou exigir que apresentem seus nomes, conforme a Instrução específica da antiga Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé.
Conclusão
A ação dos leigos diante de possíveis manifestações demoníacas deve ser marcada por:
- prudência,
- obediência,
- humildade,
- discernimento,
- fidelidade total à Igreja.
A Igreja sabe que Deus pode conceder dons extraordinários, mas também sabe que tais carismas exigem acompanhamento estreito, supervisão eclesial e profunda vida espiritual.
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O combate espiritual não é palco para improvisações, curiosidades ou heroísmos individuais.
É território da Igreja, conduzido pela autoridade legítima e iluminado pela graça.



Uma resposta
Precisamos de mt sabedoria espiritual p esse ministério. Vejo mt coisa errada nos grupos d oração retiro. Estou na intercessão mas tenho mt que aprender ainda.