Padre Cícero e a Besta Fera — Uma Reflexão Sobre Carismas, Discernimento e Combate Espiritual

Ao longo da história da Igreja no Brasil, inúmeros sacerdotes foram reconhecidos pelo povo como portadores de dons especiais concedidos por Deus para lidar com realidades espirituais difíceis, especialmente no enfrentamento das forças do mal. Esses carismas, porém, jamais podem ser aceitos sem discernimento. Cada dom autêntico é submetido à prudência e ao crivo da Igreja, para que se distingam verdadeiras graças de meras ilusões, equívocos ou até mesmo enganos espirituais.

Precisamos que você seja um benfeitor!

Infelizmente, não são poucos os que, movidos por boa vontade ou vaidade, acreditam possuir dons extraordinários sem que isso se confirme na prática pastoral. Há casos em que supostos “carismas” não resistem à prova do tempo, dos frutos e da verdade. Lembro-me da história de um sacerdote conhecido por rejeitar qualquer manifestação carismática em sua paróquia. Curiosamente, essa aversão nasceu de sua própria experiência frustrada. Quando jovem, cheio de fervor, realizava missas de cura e libertação e dizia possuir dons especiais. Em certo momento, diante de uma paroquiana gravemente enferma, chegou a proclamar sua cura. A família se alegrou, a comunidade se emocionou — mas a mulher não melhorou. Pelo contrário, agravou-se e faleceu pouco depois. A experiência foi tão dolorosa que levou aquele padre a abandonar qualquer prática carismática, tornando-se crítico ferrenho dessas manifestações. Sua atitude, compreensível, revela como a imprudência espiritual pode gerar feridas profundas.

A Igreja ensina com clareza que os carismas são “graças do Espírito Santo ordenadas ao bem comum, à edificação da Igreja e às necessidades do mundo” (CIC §799). São dons reais, mas que exigem acompanhamento, discernimento e validação. O Catecismo continua: “Nenhum carisma dispensa a referência e a submissão aos pastores da Igreja” (CIC §801). O Espírito Santo sopra onde quer, mas nunca contradiz a prudência, a autoridade e a unidade da Igreja.

Precisamos que você seja um benfeitor!

Nesse contexto, é importante lembrar que a busca impaciente por dons extraordinários pode abrir portas perigosas. O demônio também sabe imitar sinais e produzir falsos prodígios, levando muitos ao engano. Por isso, mais do que desejar dons, o cristão precisa desejar a vontade de Deus e submeter todo impulso espiritual ao discernimento da Igreja.

Entre os sacerdotes brasileiros cujos dons sobreviveram à prova do tempo e produziram frutos reais de conversão, destaca-se Padre Cícero Romão Batista. Muito além das discussões históricas e políticas que envolvem sua figura, ele foi, para o povo simples do Nordeste, um sinal de fé, coragem e profunda vida espiritual. Seu ministério é repleto de relatos que indicam um combate direto contra o mal e uma profunda sensibilidade às realidades espirituais.

Precisamos que você seja um benfeitor!

Em uma longa conversa com o Padre José Clodoaldo Ferreira Rodrigues, da Diocese de Campo Limpo (SP), ouvi um testemunho transmitido pela própria família dele, que viveu sob a influência espiritual de Padre Cícero no Ceará. Uma história marcante, preservada de geração em geração, revela um episódio de grande intensidade espiritual.

Segundo sua avó, em certa ocasião, enquanto celebrava a missa, Padre Cícero interrompeu o sermão, levou a mão à têmpora e alertou a assembleia:
“Meus filhinhos, abram caminho, porque aí vem uma filha de Deus acorrentada pela Besta Fera!”
Alguns instantes depois, um grupo entrou na igreja trazendo uma mulher possessa, gritando, contida por várias pessoas. A tensão tomou conta da assembleia. Mas Padre Cícero, sereno, pediu que a aproximassem. Diante da manifestação demoníaca, proclamou firme:
“Eu não tenho medo de você!”
Iniciou suas orações em latim e, diante dos fiéis, expulsou o espírito maligno que atormentava aquela mulher. O episódio marcou profundamente os presentes, deixando testemunhos que atravessaram décadas.

Precisamos que você seja um benfeitor!

Além de seu combate espiritual, Padre Cícero também compartilhava reflexões proféticas sobre o futuro da Igreja. Em uma de suas bênçãos no Horto — onde atendia diariamente centenas de fiéis — afirmou:
“Chegará um tempo que, se acharem um pedaço de batina, ponham sobre uma ferida brava, e ela se curará.”
“Ferida brava”, no Nordeste, refere-se a machucados difíceis de cicatrizar. Sua frase, profundamente simbólica, exalta a força espiritual do sacerdócio e o papel decisivo que ele terá nos tempos difíceis que se aproximam.

A vida e os testemunhos ligados a Padre Cícero nos convidam a compreender algo fundamental: os carismas verdadeiros geram conversão, fortalecem a fé e resistem ao tempo. Já os dons ilusórios desmoronam diante da verdade e da prudência.

Precisamos que você seja um benfeitor!

Que possamos buscar sempre o discernimento, rejeitar todo engano espiritual e reconhecer que, diante do combate contra o mal, Deus suscita homens simples, porém firmes na fé, para proteger e edificar seu povo.

Que Deus nos ilumine e nos dê sabedoria para reconhecer o que vem do Espírito Santo e rejeitar aquilo que não vem Dele.

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse artigo foi escrito por:

Veja também:

🌟 Torne-se um Benfeitor!

O Portal precisa de você para continuar oferecendo formação séria, fiel e gratuita a milhares de pessoas.
Com apenas R$12,90/mês, você mantém esta obra viva e recebe um e-book exclusivo sobre o Padre Candido Amantini como presente especial.

Estamos reunindo 300 benfeitores para sustentar esta missão.
Você pode ser um deles!