Vivemos em tempos onde o mal deixou de se esconder nas sombras. Cada vez mais, a atividade extraordinária do demônio – aquela que ultrapassa as tentações comuns e se manifesta de forma violenta, sensível e destrutiva – tem ocupado as manchetes dos jornais, os vídeos virais nas redes sociais e os corações assustados de milhares de fiéis. Mas por que isso está acontecendo agora com tamanha frequência? Por que vemos tantos relatos de possessões, mortes ligadas a rituais de seitas, pessoas buscando pactos com entidades malignas e até mesmo crianças envolvidas em práticas ocultistas nas escolas? A resposta está na Sagrada Escritura, na Doutrina da Igreja e, sobretudo, na realidade que se manifesta quando o homem abandona Deus.
A Igreja sempre ensinou que o diabo, embora derrotado por Cristo na Cruz, ainda age no mundo com fúria, tentando arrastar o maior número de almas para o inferno. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica no § 395: “O poder de Satanás não é infinito. Ele é apenas uma criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre uma criatura. Não pode impedir a edificação do Reino de Deus.” Contudo, quando os homens rejeitam a luz, dão legalidade espiritual para que as trevas operem. E é justamente isso que temos presenciado em nosso tempo: a legalização do pecado, o culto ao hedonismo, o desprezo pelas coisas sagradas e a proliferação de práticas esotéricas e ocultistas até mesmo em ambientes familiares e educacionais. A Bíblia já alertava: “Nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1Tm 4,1).
Casos recentes amplamente noticiados revelam um aumento perturbador de mortes causadas por rituais de seitas. Em vários países da América Latina, investigações policiais encontraram corpos de crianças enterradas em cerimônias de “oferta” a entidades demoníacas. No Brasil, temos visto o crescimento de “igrejas” e grupos que mesclam espiritualidade com práticas abertamente ocultistas, levando fiéis ao engano e, em casos extremos, à morte. O que antes era restrito a cultos secretos agora é postado em redes sociais como algo exótico e aceitável. Essas práticas envolvem invocações, pactos, autoflagelação, sacrifícios de animais e, em casos mais extremos, humanos. Não se trata mais de ficção de filmes de terror, mas de fatos que desafiam autoridades civis e eclesiais.
Mas a pergunta central continua: por que o aumento da atividade extraordinária do demônio? A resposta é clara: porque as portas foram abertas. Quando um povo deixa de rezar, quando as famílias abandonam os sacramentos, quando a missa dominical vira “opcional” e o pecado se torna “normal”, o inimigo encontra espaço. São João Paulo II já advertia que “o maior pecado do mundo moderno é a perda do sentido do pecado”. A cultura atual não apenas relativizou o pecado — ela o celebrou. Como consequência, vemos cada vez mais pessoas fragilizadas espiritualmente, emocionalmente adoecidas, e psiquicamente vulneráveis. Tudo isso cria terreno fértil para ações demoníacas extraordinárias, como obsessões, vexações e possessões, todas previstas na tradição do ministério do exorcismo.
Outro fator essencial é a banalização do sagrado. Quantas vezes você já viu imagens sagradas serem zombadas em músicas, filmes, festivais e memes? Quantas vezes sacerdotes são desacreditados publicamente, enquanto bruxos, médiuns e “curandeiros” ganham status de influenciadores? O que estamos assistindo é a construção de uma cultura anticristã, onde tudo o que remete a Deus é ridicularizado e tudo o que remete ao inferno é tratado como arte, liberdade ou empoderamento. O mal já não se esconde — ele é aplaudido. E como diz o livro do Apocalipse: “Ai da terra e do mar! Pois o diabo desceu até vós cheio de grande fúria, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12,12).
A boa notícia é que a Igreja tem armas poderosas para combater essa realidade. A oração, os sacramentos, o jejum, o Rosário e a intercessão dos santos formam uma barreira intransponível contra as forças do inferno. O ministério do exorcismo, conduzido sob obediência e discernimento, é um testemunho vivo da vitória de Cristo sobre o diabo. A Palavra de Deus é clara: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4,7). Mas é preciso resistir com vida de graça, e não apenas com palavras. O aumento das manifestações demoníacas não é apenas um alerta, é um chamado urgente à conversão. É Deus dizendo à humanidade: “Voltem-se para mim, enquanto ainda há tempo.”
Se você sente que sua casa, sua família ou sua alma têm sido atingidas por essa batalha espiritual, procure ajuda. Busque a confissão, retome a Eucaristia, peça orações a um sacerdote, abençoe seu lar, consagre-se à Virgem Maria. O demônio age quando encontra espaço. Feche as brechas com a luz de Cristo. Lembre-se: a última palavra não é da morte, mas da Ressurreição. E ainda que as trevas gritem, a luz de Deus jamais será vencida.