Padre Gabriele Amorth viveu e falou numa linguagem direta porque acreditava que a clareza salva: “Com Cristo ou com Satanás, não existe meio termo.” A partir de suas entrevistas, escritos e do trabalho que levou à fundação da Associação Internacional dos Exorcistas (AIE), reunimos sete conselhos espirituais — práticos, doutrinários e pastorais — que resumem o que Amorth ensinaria hoje a sacerdotes, ministros e leigos que desejam combater o mal com eficácia e caridade. Cada conselho apresenta um motivo, uma prática concreta e um lembrete pastoral para não cair em soluções fáceis, supersticiosas ou emocionalmente superficiais.
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- Escolha claramente: fique com Cristo.
Amorth repetia que não há neutralidade: ou se vive sob o senhorio de Jesus ou se abre espaço para forças contrárias. Isso não é intimidação, mas chamada à conversão contínua: confessar regularmente, participar da Missa com reverência e renovar a entrega quotidiana ao Senhor. Para quem ministra libertação, isto significa verificar sempre a própria vida sacramental antes de qualquer ato pastoral — sem uma vida sacramental sólida, não há prudência espiritual nem autoridade para conduzir processos delicados. - Discernimento exigente: medicina e Igreja caminham juntas.
Amorth foi enfático: antes de concluir por uma ação extraordinária, encaminhe a pessoa a médicos e psiquiatras — exorcismo não é diagnóstico médico. Ele relata repetidas vezes que recusou rituais quando havia causas naturais ou transtornos psicológicos. O conselho é prático para os sacerdotes exorcistas: peça laudos, consulte especialistas, trabalhe em equipe (clero + saúde) e só depois, com prudência e pedido explícito do bispo, considerar o rito. Essa postura protege o fiel e honra a autoridade da Igreja. - Formação e obediência: não improvisar.
A criação da Associação Internacional dos Exorcistas (AIE) nasceu da necessidade de formar e apoiar sacerdotes exorcistas — Amorth defendia regras, supervisão e respeito às normas eclesiais. Seu conselho é claro: não invente ritos, não aceite “escolas livres” de libertação; busque cursos reconhecidos, acompanhe um exorcista experiente e, se padre, peça nomeação e mandato do bispo. A prática sem formação gera danos espirituais e pastorais. As recentes orientações e esclarecimentos da AIE reforçam essa exigência de competência e prudência.
Ser um benfeitor nos ajuda a prosseguir! - Oração poderosa, sim — mas com humildade e métodos católicos.
Amorth testemunhou que a oração litúrgica, a invocação do Nome de Jesus, a oração a Nossa Senhora e o uso de sacramentais (água benta, crucifixo) são armas espirituais eficazes. Contudo, alertava contra práticas improvisadas que misturam ritos pagãos ou técnicas esotéricas. Seu conselho: priorizar o Rito Romano, as orações aprovadas, o Rosário e as ladainhas; mantenha a humildade: a eficácia é dom de Deus, e toda ação exige caridade e respeito pela pessoa libertanda. - Vigilância moral e comunitária: combater a tibieza na vida cotidiana.
Para Amorth, o terreno onde o mal se fortalece é muitas vezes a tibieza moral — práticas habituais de omissão, acomodação à mundanidade ou entretenimentos que banalizam o sagrado. Ele advertia contra a “fé morna” e pedia comunidades vivas: confissão frequente, catequese sólida, direção espiritual acessível e cuidado pastoral permanente. O remédio é comunitário: paróquias vigilantes e grupos formados que acompanhem os frágeis. Isso previne situações que, por negligência, se tornam campo fértil para o adversário. - Proteção mariana e invocação dos santos: táticas espirituais reais.
Amorth relatou episódios em que o demônio reagia com maior temor à invocação de Nossa Senhora — e por isso recomendava a consagração a Maria e a invocação dos santos como proteção cotidiana. O conselho traduz-se em práticas concretas: rezar a Ave-Maria, as ladainhas, pedir a intercessão de São Miguel Arcanjo e ler as vidas dos santos para fortalecer a esperança. Essa proteção não é superstição, mas pedagogia espiritual; Maria e os santos nos conduzem a Cristo e humilham o orgulho que o mal utiliza como porta de entrada. - Coragem pastoral: cuidar das vítimas com caridade sem sensacionalismo.
Amorth combinava firmeza com compaixão. Seu último apelo foi para que a Igreja não negue a realidade do mal, nem a trate como espetáculo. O conselho aos ministros: procedam com coragem pastoral — ouvir, acolher, discernir e acompanhar longamente —, mas com sobriedade. Exorcismos não são show; são ministério de cura e libertação em prática. A coragem também passa por formar outros e por reforçar estruturas eclesiais que sustentem a prática segura e caridosa.
Ser um benfeitor nos ajuda a prosseguir!
Os sete conselhos que recolhemos não são meras ideias teóricas: são síntese de uma vida dedicada à libertação e a serviço da Igreja. Padre Amorth deixou um legado de clareza, prudência e amor: permanecer com Cristo, formar-se, trabalhar com a ciência, rezar segundo a tradição católica, proteger-se pela comunhão dos santos e agir em caridade. Para o Portal Cura e Libertação, esse conjunto é convite à renovação pastoral: mais formação, mais prudência, mais serviço.


