O homem foi feito “por Deus e para Deus” na condição de ser eterno, e assim que ele foi desobediente à única coisa que não podia fazer (comer o fruto da árvore proibida) condenou a toda a humanidade com a entrada da morte em sua vida e de toda a sua descendência. Desde então o ser humano tende para o mal, para o pecado. Mas o que é o pecado senão aquilo que vem a desagradar a Deus, sendo o contrário ou avesso do que diz a sagrada escritura.
O que você vai aprender neste artigo
A consequência do pecado: o inferno
As três dimensões do pecado
Aprofundando nos pecados
O perdão dos pecados mortais
Pecados veniais
Pecado contra o Espírito santo de Deus
A iniquidade
A consequência do pecado: o inferno
A constituição do pecado vem a ter dimensões distintas a serem entendidas. A nossa Igreja Católica Apostólica Romana juntamente com o nosso Catecismo (CIC) define que existem três situações de pecado, que veremos a seguir. Deus em sua infinita sabedoria nos deu o livre arbítrio, no intuito de que já que nascemos providos de inteligência, Deus ainda nos dá dons que serão de agregado valor em momentos de discernimento antes de decorrer em pecado. Além disso, antes do pecado vem à tentação e seria neste momento em termos as nossas escolhas, escolhas estas que podemos questionar se o que decidirmos irá ou não ser contra Deus, as sagradas escrituras ou a sociedade. Mas qual a importância de tomar a decisão correta? E qual o papel do demônio no mundo de hoje? Como ele atua para desvincular as pessoas do caminho da santidade?
Antes de tudo quero apresentar relato de Santa Faustina Kowalska, que com os seus dons místicos, Deus em sua infinita sabedoria e amor deixou revelar o que se passa no inferno:
“Hoje, sob a guia de um anjo, estive nos abismos do inferno, É um lugar de grandes tormentos, assustadoramente grandes. Estas são as diversas penas que vi: a primeira pena, a que constitui propriamente o inferno é a perda de Deus; a segunda o constante remorso; a terceira, a consciência de que essa situação não mudará nunca; a quarta pena é o fogo que pela ira de Deus; a quinta pena é a escuridão contínua, um horrível e sufocante fedor e, por mais escuro que seja, as almas condenadas e os demônios se veem e veem o mal alheio e penetra na alma, mas não a aniquila , é uma pena terrível, é um fogo puramente espiritual aceso também o próprio; a sexta pena é a companhia constante de Satanás; a sétima pena é a tremenda desesperança, o ódio a Deus, as maldições, as blasfêmias. O pecador saiba que o sentido com o qual peca será torturado por toda a eternidade. Escrevo tudo isso por ordem de Deus, para que nenhuma alma se justifique dizendo que o inferno não existe, ou que ninguém esteve ali e por isso não sabe como é. Eu irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos do inferno, com o objetivo de contar as almas como é e testemunhar que existe. O que eu descrevi é uma pálida sombra das coisas que vi.” Diário de Santa Faustina, n. 741 e 1588 e também citado em trecho retirado do livro “O milagre e os milagres eucarísticos” de autoria de Pe. Gino Nasini.
A partir de um texto tão didático referente ao inferno, falarei sobre as dimensões do pecado. Sem o devido conhecimento interpretamos as coisas de forma errada, diante do que o mundo nos apresenta, no caso, os valores distorcidos. Começamos a enxergar nisso o que é certo ou referência, proveniente também do afastamento ou nenhum contato com a igreja.
O pecado se apresenta em três dimensões
- O pecado mortal, que vem do descumprimento dos dez mandamentos da lei de Deus que nos foi dada e escrita pelo dedo do próprio Deus no Antigo Testamento (Cf. Êx 34, 1-13);
- Os pecados Veniais, que são os que não se encontram dentre os pecados mortais;
- Os pecados contra o Espírito Santo.
Aprofundando nos pecados
Pecados mortais
1º mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas
Idolatria: (latria- culto ou veneração), ido- ídolos: imagens ou entidades (quando procuramos entidades ou espíritos de pessoas que já morreram),
2º Não tomar seu santo nome em vão:
“Eu juro por Deus” (colocar Deus altíssimo como prova de seus erros)
3º mandamento: Guardar domingos e festas
Não guardar os dias santos (faltar à missa, ou passar o domingo bebendo, comendo, dormindo ou assistindo televisão).
4º Honrar pai e mãe
Não honrar pai e mãe, “agredi meu pai ou minha mãe com palavras, gestos, atitudes e mentiras”,
5º Não matar
“Pratiquei o aborto”, “usei drogas”; “fui além dos limites na bebida alcoólica e no cigarro”
6º Não pecar contra a castidade
Masturbar-se, assediar alguma pessoa, induzir alguém ao pecado da castidade, trair o cônjuge em pensamentos ou atos propriamente ditos),
7º Não furtar
Prejudicar alguém, usando de pesos e medidas falsas, enganando nas mercadorias e negócios; aceitar ou comprar algo que foi roubado, desperdiçar dinheiro em jogos, bebidas e diversões desonestas)
8º Não levantar falso testemunho
Levantar falso testemunho (dar maus exemplos contra a Religião, na família, na escola, na rua, no trabalho, envolver-se em mentiras, difamações, calúnias, maus comentários, fazer mau juízo dos outros)
9º Não desejar a mulher do próximo
Cobiçar a mulher do próximo (alimentar fantasias desonestas, envolvendo outras pessoas, praticar adultério (uniões sexuais antes ou fora do casamento com pessoas ou não do mesmo sexo, não fugir das ocasiões ou lugares próximos do pecado)
10º Cobiçar as coisas alheias
Cobiçar as coisas alheias (violei segredos, usei de mentiras, ou não tenho combatido o egoísmo, tenho sido invejoso, fico descontente ou com raiva diante da prosperidade material e financeira de meu próximo).
Todos os exemplos acima são pecados mortais contrários aos dez mandamentos. Se você se encontra em algum desses casos, faz-se necessária a confissão a um sacerdote diante do arrependimento verdadeiro de coração, visto que sem o arrependimento dos pecados não há o perdão, pois a Deus ninguém engana.
O perdão dos pecados mortais
Os pecados mortais só serão perdoados através do sacramento da confissão. Se Não formos à confissão e formos receber comungar, pecamos no momento de recebermos a Santa Eucaristia sem nos confessar, pois para receber a Santa Comunhão, deve-se estar plenamente incorporado à Igreja Católica e estar em estado de graça, ou seja, sem consciência de pecado mortal. Cometendo assim mais um pecado grave, o Deus Eucarístico neste momento se desfaz da sua presença, pois não existe a união entre o pecado e Cristo Eucarístico, tornado a hóstia novamente em pão ázimo (sem fermento) e a mesma sem nenhum efeito espiritual. A igreja pede que confessemos ao menos uma vez ao ano, sendo o ideal a confissão mensal pois pecamos todos os dias. Diz São Paulo a respeito da Santa Eucaristia:
“Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos. Se nos examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, sendo julgados pelo Senhor, ele nos castiga para não sermos condenados com o mundo. Portanto, irmãos meus, quando vos reunis para a ceia, esperai uns pelos outros. Se alguém tem fome, coma em casa. Assim vossas reuniões não vos atrairão a condenação. As demais coisas eu determinarei quando for ter convosco.” Cf. 1 Coríntios 11, 26-34
“O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.” CIC- Catecismo da Igreja Católica- nº 1861.
Pecados veniais
“Comete-se um pecado venial quando não se observa, em matéria leve, a medida prescrita pela lei moral, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento ou sem pleno consentimento.” Catecismo da Igreja Católica nº 1862.
“O pecado venial enfraquece a caridade; traduz uma afeição desordenada pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais. O pecado venial deliberado e que fica sem arrependimento dispõe-nos pouco a pouco a cometer o pecado mortal. Mas o pecado venial não quebra a aliança com Deus. É humanamente reparável com a graça de Deus.” Não priva da graça da santificante, da amizade com Deus, da caridade nem, por conseguinte, da bem- aventurança eterna.” Catecismo da Igreja Católica nº 1863
Lembrando que há duas formas de perdão dos pecados veniais, sendo a primeira o sacramento da confissão, e em segundo o ato penitencial na Santa Missa, momento em que somos convidados a pedir perdão dos nossos pecados (veniais). Daí a importância de chegarmos antes do início da missa, para nos preparar para essa confissão. Aqueles que perdem esse momento não devem comungar, pois não estão em estado de graça, há pecados veniais que só poderão ser perdoados em confissão.
Pecado contra o Espírito santo de Deus
“Todo pecado, toda a blasfêmia será perdoada aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada” (Cf. Mt 12,31).
Pelo contrário, quem a profere é culpado de um pecado eterno. Mas que pecados são estes?
Tomemos, como exemplo, um Bispo que por qualquer motivo ou interesse voltou-se para outra religião contrária a que ele já professara. Tendo este o conhecimento da verdade, mesmo assim optou em consciência plena contra as verdades da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Santa Sé, tornando-se um pecador contra o Espírito Santo. Então, aqueles que vão contrários às leis de Deus, em plena consciência de que estão a cometer tais pecados, cuidado!
Seremos cobrados de acordo com o que nos foi dado. Não pode Deus dar um mesmo julgamento para uma pessoa que nunca ouviu falar do Cristo Salvador, a uma pessoa a quem foi dado todo ensinamento sobre a verdade cristã, então quanto mais aprendemos, temos condição de não fazer o que desagrada a Deus.
Os demônios, desde sua queda na terra, procuram de toda forma destruir a base da igreja cristã, que é a família. Utilizam-se de vários fatores que com o tempo se incorporam à nossa vida, tanto dentro como fora de casa.
A iniquidade
Podemos ter como base contra o ministério a iniquidade, o que a Santa Sé prega. Vejamos: a igreja é contra o aborto.
O que vemos hoje?
Um grande movimento contrário à vida e a favor do aborto (quem mata ou ajuda, pratica pecado mortal).
Deus é contra a união entre pessoas do mesmo sexo, “Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão uma coisa abominável.” (Cf. Lev 20,13)
Hoje, já se criou uma mentalidade contrária à Igreja Católica. Como haverá a continuação da espécie humana se tudo isso continuar?
“Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do criador, que é bendito pelos séculos. Amém! Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relação contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario… Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem” (Cf. Rom 1, 25-27;32).
Vejamos que são chamadas de abomináveis as pessoas que se encontram diante de tal situação, preferindo servir ao demônio, pois o mesmo é quem se contenta com tais atos, como diz no texto acima quando refere-se a servir a criatura em vez do Criador, e do mesmo modo aqueles que apoiam tais atos.
A igreja não é contra as pessoas, e sim ao estado de pecado em que estão vivendo. Assim sendo, todos são chamados a ter uma vida santa.
Vejam como é sério o que fazemos:
“Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes, hão de possuir o Reino de Deus. Ao menos alguns de vós tem sido isso. Mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito Santo de nosso Deus.” (Cf. 1Cor 6,9-11).
Temos sempre como nos redimir com Deus, pois ele é Pai e o seu amor ágape por nós não deixa desistir de seu povo pecador, e lembre-se de não deixar a confissão pra depois, pois se subitamente formos levado desta vida já não teremos mais tempo de nos redimir dos nossos pecados, e prestaremos contas de acordo com o que escolhemos de bom ou de ruim. Então, a partir de agora, busquemos nos inteirar do que pede Deus para que tenhamos um mínimo de respeito por nós mesmos e ao próximo, pois o que ele pede não é mais que uma regra de boa convivência em sociedade. Regras das quais já nos são apresentadas desde criança. Espero que eu tenha ajudado a tirar as dúvidas das quais ainda pairavam sobre vocês. Agradeço a Deus pelo chamado para servi-lo. Amém, glória a Deus nas alturas, e que o Espírito Santo de Deus nos acompanhe.
Autor: Diácono Cristiann Huyghens Torres da Silva é encardinado na Diocese do Crato, CE. É psicanalista clínico, bacharel em Teologia pela UNISAL, hipnoterapeuta, formado em parapsicologia, fez o curso de base sobre o ministério dos exorcismos da Associação Internacional dos Exorcistas e bacharelando em Psicologia pela UNINASSAU. É auxiliar de exorcista diocesano e fundador do Apostolado Proelium.