[Análise de Filme] “Amityville: o Despertar” demonstra a fascinação de Hollywood pelos pactos com o demônio

ATENÇÃO: Esse artigo contém spoilers.

O pacto com o demônio enseja uma série de obras literárias e cinematográficas sobre o assunto, que não raras as vezes terminam em simulações de exorcismos e cenas assustadoras, onde na maioria das vezes se demonstra a força do demônio em detrimento da vitória de Cristo na cruz. É verdade que para uma pessoa que não vive na graça de Deus, não raras as vezes constatamos que torna-se uma presa fácil para o maligno e que pode realmente dar a ele alguma vitória na batalha, mas nunca sobre a guerra que já foi ganha por Cristo, nosso Senhor.

Assine o Portal e contribua com o nosso trabalho!

A literatura exalta o pacto com o demônio em obras famosas, como Doutor Fausto, de Goethe, que ficou mundialmente conhecida como Fausto. O enredo da peça teatral nos leva para o século XV, onde o médico, mago e alquimista alemão Dr. Johannes Georg Faust (Fausto), considerando-se além de seu tempo e desiludido com o conhecimento que este lhe proporcionava, decide fazer um pacto com o demônio Mefistófeles a fim de encher-se de poder para desvendar o conhecimento, a técnica e o progresso.  A citação a esse demônio foi feita numa outra obra cinematográfica mais moderna, que fez sucesso a nível mundial e chama-se “Motoqueiro Fantasma”.

O filme Amityville: o Despertar (2017) não traz nada de novo em relação às obras do gênero: sustos, arrepios, cenas escuras, sombras fantasmagóricas e o culto à solução mais fácil em buscar o mal, ao invés de sofrer as mazelas da vida com confiança na Misericórdia de Deus.

Com o fim de atrair o espectador para assistir ao filme, uma jovem sexualizada aparece na história para que, através dela, desenrole-se toda a trama dessa obra.

Belle é uma adolescente que não sabe os seus limites, pouco estabelecidos através de uma família devastada por uma tragédia familiar: seu pai falecera de câncer alguns anos antes, deixando sua mãe viúva e destruída pela forma como ele foi tirado do seu lar. Possui fascinação pelo gótico e o rock satânico, mas logo percebe-se que não o faz por simpatia, mas apenas por rebeldia. Seu irmão gêmeo, James, é muito ligado a ela e vai em busca de justiça quando Belle, tomada pela infantilidade adolescente decide fazer fotos comprometedoras e enviá-las a um desconhecido na internet que logo as publica em diversos sites, causando grande repercussão e acabando com a boa fama da jovem. Seu irmão encontra o invasor da sua privacidade e numa luta corporal violenta, cai de uma alta janela batendo violentamente a cabeça no chão. Os médicos acabam por decretar a morte cerebral do garoto, que por negação de sua mãe vive em estado vegetativo, em cima de uma cama, sendo cuidado por ela na esperança de que uma cura milagrosa aconteça. A segunda tragédia familiar leva a um relacionamento conturbado entre Belle e sua mãe, Joan que a culpa pela situação que aconteceu com James.

Assine o Portal e contribua com o nosso trabalho!

Em uma família desestruturada e marcada pela dor é que a mãe de Belle, Joan decide vender todos os bens e comprar a famosa casa de Amytiville, mudando-se para lá com toda a família. O filme cria suspense em sua primeira parte porque não revela o motivo de a matriarca da família ter tomado tal decisão, mas o segredo será revelado ao longo das cenas.

Amityville não é uma casa, mas uma pequena cidade americana próxima à Nova Iorque, que ficou mundialmente conhecida após uma série de assassinatos cometidos em uma de suas casas, em 1974, por Ronald De Feo.

O jovem, de 23 anos, matou toda a sua família com tiros de rifle nas costas e depois, ao confessar os crimes para a polícia, alegou que ouvia insistentemente uma voz sempre as 3:15 da manhã que dizia em sua cabeça: “Mate a tua família, mate a tua família!”

A história foi revisitada diversas vezes por investigadores paranormais, dentre eles o famoso casal Warren.

A tragédia chamou a atenção pela violência empregada: foram assassinados os pais de Roger, seus dois irmãos e suas duas irmãs. Desde então, todos que lá moraram alegaram problemas espirituais graves com a casa, como o casal Lutz, que em 1975 comprou a casa e ao habitá-la, afirmou ter presenciado os mais estranhos fenômenos, como odores putrefatos e outras situações assustadoras.

George, o patriarca da família, relatou ter encontrado um quarto vermelho, onde ao investigá-lo teria descoberto que um bruxo satânico de Salem ali havia morado e usado o local para torturar e matar pessoas em prol do demônio. A história nunca se confirmou, mas é o que se diz a respeito.

Voltando para a análise do filme, vemos que James em sua enfermidade é o mais assediado pelo demônio e sua pequena irmã, Juliet, é utilizada por ele para tentar enganar Belle, se passando pelo irmão. A única desconfiada é Belle, que começa a presenciar fenômenos estranhos na casa e passa a acordar sempre às 3:15 da manhã, com pesadelos.

Assine o Portal e contribua com o nosso trabalho!

Belle sofre bullying dos colegas da escola por morar na casa mal assombrada e é por causa deles que descobre o que sua mãe fez: comprou uma casa abaixo do preço de mercado onde ocorreram crimes terríveis e que tem a fama de ser amaldiçoada.

O filme desenrola-se com cenas assustadoras, onde James – que vivia em estado vegetativo – misteriosamente abre os olhos, começa a melhorar e se curar como se fosse um milagre. Seu médico, antes cético com a sua recuperação, é atacado espiritualmente e abandona o acompanhamento da família por não conseguir explicar o que está acontecendo.

Dois novos amigos de Belle sugerem que seu irmão pode estar “possuído por um demônio” que habita a casa e após relutar, a jovem analisa as situações que têm vivido na casa e entende que pode ser verdade. Ela confronta sua mãe e trava o diálogo mais aterrador do filme:

Importante: os diálogos está reproduzidos com o português coloquial.

Belle: – Mãe preciso falar com você!

Joan: – Fala!

Belle: Você tá me ouvindo? Olha, eu sei que vai achar que estou maluca, mas eu tô com um pressentimento muito ruim sobre essa casa. Eu acho que ela tá fazendo alguma coisa com o James. É como…como se tivesse possuindo ele, ou…ou…contaminando ele. Eu não sei… tem um quarto no porão, eu fui lá embaixo. Eu mesma vi. Eu juro que eu acho que é isso que tá fazendo ele melhorar do nada!

Joan fica em silêncio e Belle insiste:

Belle: – Por favor, fala alguma coisa!

Joan: – Você não está maluca, querida! Eu sei do quarto vermelho. Vem cá!

Ambas se sentam e Belle questiona:

Belle: – Peraí, o que você disse?

Joan: – Sabe que eu sempre acreditei em Deus, e aí o seu pai ficou doente e tivemos que vê-lo apodrecer por causa do câncer. Eu rezei todos os dias e depois o James ficou doente e eu continuei rezando, dois anos. Os médicos desistiram dele, né. Disseram que ele não voltaria e eu não aceitei.

Belle: – Peraí mãe, do que que você tá falando?

Joan:Deus desistiu da gente querida! Então eu desisti de Deus e trouxe a gente pra cá, porque se aqui tem mesmo um poder que pode fazer o seu irmão melhorar…

Belle: – Melhorar? Não mãe, você não entendeu! Isso aqui não vai  fazer ele melhorar! Essa casa é amaldiçoada, essa casa é maldita, mãe! Vai fazer o James matar toda a nossa família, assim como fez com os De Feo. Você, eu, Juliet, vai…

Joan: – Vem cá! (e abraça a filha para tranquilizá-la). Não, não, não, não…James nunca faria isso, entendeu: Ele nunca faria isso! Ele está melhorando…

A situação narrada, por mais que seja uma situação fictícia, faz parte de uma realidade se torna cada vez mais comum a muitas famílias. O saudoso Padre Rufus Pereira, quando vinha ao Brasil, sempre contava casos em que atendia famílias que faziam pactos com o demônio, gerando graves possessões. Os casos se agravavam mais ainda, quando tratavam-se de situações que envolviam perda de entes queridos ou desejo de sucesso financeiro.

Assine o Portal e contribua com o nosso trabalho!

O desenrolar do filme culmina com mais tragédias e mortes e uma situação cada vez mais insustentável, dando a entender que o mal acabou prevalecendo de alguma forma.

No filme, temos duas situações que podem acontecer: a realidade da infestação e da possessão diabólica. As definições são feitas pela Associação Internacional dos Exorcistas:

Infestação diabólica

“Com a expressão infestação diabólica indicamos todas as espécies de ações demoníacas dirigidas a lugares ou a coisas das quais o homem se serve, animais incluídos. Enquanto na vexação, na obsessão e na possessão o demônio ataca diretamente o homem, na infestação o agride indiretamente, causando dano àquilo que serve à sua vida.”

Possessão diabólica

“Indicamos com a expressão possessão diabólica a presença e a ação de um ou mais demônios num corpo humano, que em determinados momentos exercem um controle despótico sobre esse, fazendo-o mover e/ou falar sem que a vítima possa fazer nada para evitar, mesmo nos caos em que mantém a consciência daquilo que lhe está sucedendo. Trata-se de uma presença permanente no corpo, cuja manifestação, porém, não é contínua. Nos períodos nos quais tal ação não se manifesta e que podem ser mais ou menos longos (horas, dias, ou até várias semanas), a vítima consegue ter uma vida quase “normal”.
Critérios de discernimento oferecidos aos pastores de almas para compreender se uma pessoa deve ser submetida à avaliação de um sacerdote exorcista, apresentados pelo Padre Francesco Bamonte, 1998.

Ponto positivo para a jovem Belle, que mesmo sendo muito rebelde, mostra que acredita em Deus, mesmo não praticando a fé.

Ponto negativo para a alusão à eutanásia para James e a desistência de Deus por parte de Joan, levando a entregar a alma de seu filho ao demônio, em busca da cura de maneira irracional.

Os exageros estão por conta dos efeitos especiais, que não raras as vezes levam aos sustos e a suposição de que o mal sempre vence e levam ao desespero dos que não creem. Jesus é a nossa luz e com Ele, devemos caminhar a fim de encontrar a paz e a proteção para todo e qualquer mal em nossas vidas.

Deus nos abençoe, nos guarde e nos proteja.

Salve Maria!

plugins premium WordPress