Como viver uma castidade saudável nos tempos modernos

Queridos irmãos e irmãs, antes de entrarmos no assunto em questão é necessário refletirmos as motivações na manutenção da castidade. Afinal, toda ação é provocada ou nasce de uma necessidade.

 

Origem

Deus criou todas as coisas, visíveis e invisíveis, e achou que tudo era bom, era muito bom. Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra”. Assim modelou do barro, ou seja, da própria criação e soprou-lhes a vida.

A partir disso podemos compreender por que Deus nos quer aqui na terra. A nossa missão, e principalmente, a nossa obrigação. Devemos prestar contas ao Criador de nossas ações. E para darmos cumprimento aos nossos desígnios recebemos do Pai dons individuais, cada qual conforme a sua capacidade.

 

Imagem e Semelhança

Deus é Amor, e com essa semelhança fomos criados, e se temos a Sua Imagem devemos reconhecer no próximo o próprio Deus, no qual todos estamos espelhados. 

Deus é Santo e puro de coração, e por conseguinte, puro na ação e justo no discernimento.

A essência de Deus e nossa é Amor como semelhança. O Amor verdadeiro se coloca à disposição do outro para o seu bem maior, não é egoísta nem rancoroso, é benevolente e a tudo perdoa, porque é no perdão que se mede a força do amor.

 

A pureza no coração é a centelha que alimenta o amor, ela dá o benfazejo ao olhar que é o espelho da alma, alma que é conhecida pelo Pai desde o início dos tempos. Sim, Deus nos conhece e nos chama pelo nome desde o início dos tempos. Nosso espírito recebe dons e carismas, assim como na videira os ramos recebem a seiva da raiz. A nossa consciência nos ajuda, como um bom conselheiro diante de situações perigosas que podem ofender o relacionamento do nosso coração com Deus e com o próximo. 

Somos criados – alma – espírito – corpo. Somos indivisíveis, pois nessa tríade, se mantivermos a pureza no coração, o reflexo nas nossas atitudes será benigno porque seguimos a Vontade do Pai e do Filho, e assim daremos morada ao Espírito Santo em nossos corpos.

 

O pecado

Perdemos a pureza com o pecado original, barreira imposta por Satanás no nosso bom relacionamento com o Criador. Para Deus seria simples “quebrar essa barreira”, mas não podemos esquecer que Deus é Amor, e o Amor só constrói, liga as pessoas e coisas umas às outras para bem se relacionar, nunca destrói ou provoca contenda, permite ao outro total liberdade de atitude e decisão. 

E foi nessa liberdade, mal utilizada, que decidimos nos afastar de Deus. Ao convite de Satanás preferimos tomar posse das coisas desse mundo, e não simplesmente administrá-las como o Rei e Dono nos pediu.

Deus na sua infinita benevolência e bondade nos quer de volta, e não é só isso, o Céu festeja e se alegra quando um dos filhos rebelados retorna, assim como na parábola do “filho pródigo”, mas deve acontecer pela nossa livre e espontânea vontade.

 

Resgate

Na cruz o Senhor nos redimiu, com seu preciosíssimo Sangue lavou nossos corações, quebrou a barreira imposta pelo inimigo do Bem, e com a Água do Santo Batismo nos religa ao Pai através da Sua Santa Igreja. “Todo aquele que for batizado e crer no Evangelho será salvo!”

No Catecismo da Igreja Católica, nº 2520 em diante, vemos que o Batismo confere àquele que o recebe a graça da purificação de todos os pecados, mas o batizado deve continuar a lutar contra a concupiscência da carne e as cobiças desordenadas, e com a graça de Deus desenvolver as virtudes da castidade, da pureza de intenção e a pureza do olhar. 

Se julgamos que com as nossas próprias forças temos condições de alcançar tais virtudes, estamos totalmente enganados. Somente com muita e constante oração, e no repúdio e afastamento daquilo que nos remete ao pecado reconquistaremos nosso equilíbrio existencial – alma – espírito – corpo.

A concupiscência não nos faz pecar, mas nos induz a aceitar as tentações, a desejar as coisas agradáveis que não temos, que são muitas, e quanto mais você estiver buscando ao Senhor, mais forte e voraz será o ataque do inimigo. Portanto, evite situações comprometedoras e busque na oração constante as forças para suportar tais eventos. 

As pessoas ficam apavoradas com a possibilidade de uma ação extraordinária do demônio (possessão, vexação…), e se deixa levar sem restrições pela ação ordinária (tentação), e é nela que nos colocamos num caminho reto para a nossa condenação.

 

Liberdade

Sempre ouvi de meus pais o conselho: Nunca confunda liberdade com libertinagem. Por vezes extrapolamos nossos limites, e vemos abusos, nas filas, em atendimentos nos postos de saúde e bancos, com posicionamentos ofensivos de direito de acesso a tudo e a todos.

Liberdade de expressão: Achamos que podemos falar o que quisermos e de quem quisermos.

Liberdade de escolha de uma roupa: Achamos que os outros devam nos respeitar se usamos roupas sensuais para ir ao trabalho, usar no dia a dia, e até mesmo na igreja quando vamos participar da Santa Missa, inclusive para mostrar a nova tatuagem. Por sinal, vemos cada tatuagem que ofendem até o Criador.

Liberdade de gênero: Achamos que podemos rejeitar a nossa constituição física, porque no psíquico nos vemos confusos e rejeitamos o nosso corpo que é presente de Deus. Ele nos criou perfeitos, homem ou mulher, e é isso que espera de nós – atitudes que venham da natureza escolhida por Ele.

A liberdade é um dom dado por Deus porque nos ama, não somos nós que o amamos, mas sim Ele nos ama. Nós podemos responder a esse amor com obediência aos seus desígnios, de forma espontânea e livre, pois assim é o amor. A liberdade só é bem usada se for com responsabilidade.

 

Obediência

Dom que deve ser perseguido e desenvolvido com afinco, pois sem ela deixamos de respeitar a vontade e a necessidade do objetivo maior ao qual nos submetemos. Se somos a imagem de Deus temos que nos submeter às Suas vontades e não às nossas. Como dissemos no início, toda ação é provocada ou nasce de uma necessidade, e se Deus nos quer como seus representantes, devemos agir e ser como se Ele mesmo estivesse presente, e não só isso, o fazemos porque acreditamos ser o certo.

 

Nos tempos de hoje

Satanás e seus seguidores vem atacando a Santa Igreja do Senhor, que somos todos nós, nos induzindo ao secularismo. Nos induz para princípios de que tudo vale e tudo é bom, pois se Deus é amor, todo o tipo de amor é válido. Se fosse assim, Jesus não precisaria ter vindo nos ensinar a amar, nos conduzir pela mão ao encontro do irmão para nos encontrar verdadeiramente com o Senhor. Sim, é no próximo que encontramos Jesus faminto, Jesus nu, Jesus doente. É com o próximo que aprendemos a amar, porque o amor está no respeito às diferenças, porque assim podemos crescer com novas ideias, desde que essas novas ideias não ofendam a Deus.

Vemos na mídia pedófilos que se justificam amantes diferenciados do tradicionalismo, pois o amor tem várias faces. Exemplo clássico de desvirtuamento do significado de amor. Amor não é sexo, muito menos incesto, muito menos estupro. Os adultos recebem os pequeninos de Deus para os cuidar, educar e proteger, não para os usar.

A homossexualidade existe desde os primeiros tempos. Não é uma doença física como diz o American Psychiatric Associantion, como muitas outras atitudes que ferem a moral do Criador, que criou os órgãos sexuais para reprodução e intimidade do casal devidamente unido em matrimônio, fora disso, sejam homossexuais ou heterossexuais, estarão em pecado mortal – assim diz o Senhor: “Aquele que desejar a mulher do próximo em pensamento, já cometeu adultério”.

Muitos pecados são cometidos pela desinformação e aceitação do secularismo e da lei positiva, ou seja, da lei imposta pelos homens. Existe uma hierarquia nas Leis: A Lei Divina, A Lei Humana e a Lei Positiva. A última não poderia ferir a segunda, que também não pode ferir a primeira.

A fornicação por exemplo: O sexo antes ou fora do casamento hoje é tratado como opcional e uma experiência de vida. A Lei de Deus não permite e condena o sexo fora do matrimônio, é pecado mortal, para aquele que segue a Cristo.

Somos bombardeados diuturnamente por exemplos de liberdade sexual nas mais diversas formas, porém o sexo tem um fim específico – a reprodução da espécie.

 

Conclusão

O homem é um ser composto de corpo e espírito, e entre as duas partes existe uma certa tensão, desenrola-se certa luta de tendências entre o espírito e a carne, mas essa luta, pertence à herança do pecado, e isso se torna uma batalha espiritual. (CIC – 2516).

É do coração que procedem más intenções, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações (Mt 15,19), por isso a luta contra a concupiscência da carne passa pela purificação do coração e a prática da temperança.

Na oração fortalecemos nosso pensar, e por conseguinte, nosso agir, pois os nossos olhos e nossas ações advêm do que nosso coração está sendo alimentado. Se buscamos assistir novelas e outros programas que estão cheios de como se deve trair o outro e não ser pego, nosso coração e nosso corpo estarão prontos para trair.

O Senhor disse: “O vosso corpo é templo do Espírito Santo!” Então devemos santificá-lo, limpá-lo, conservá-lo, ou seja, você não recebe um convidado de honra em sua casa sem antes arrumá-la, enche os vasos com flores bonitas e frescas. O Espírito Santo precisa ser bem recebido, por isso, busque uma confissão constante, participe da Santa Missa, se possível diariamente, ou pelo menos aos domingos e dias santificados. A fidelidade no matrimônio e a castidade na vida religiosa ou se não estiver casado. Se estiver impuro na relação com o próximo, como deverá estar imundo o seu coração?

Aos homens podemos enganar por algum tempo, e nem todos ao mesmo tempo, mas Deus conhece o nosso coração – não cabe mentira no coração de Deus, só Amor.

Seja Santo como o Pai é Santo. A nossa santidade é um caminho a ser percorrido e deve ser perseguido ferozmente, e quem sabe um dia sermos santos em Jesus para o agrado do Pai.

Jesus disse: “Eu não vim a esse mundo para cumprir a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou”. Senhor nos dê a Graça da Fé e o dom da Obediência! Nos mostre o caminho da castidade para que nossos corpos reflitam do que estão cheios os nossos corações – cheios de Amor por ti, e só por ti Senhor Jesus.

Buscar a castidade deve ser um prazer incomensurável, pois com ela mostramos ao Senhor o quanto o amamos e o queremos. Assim o nosso coração estará tão cheio de amor que no dia de nossa morte terrena explodirá. Será uma linda passagem conduzida pela Imaculada Conceição, para o eterno abraço do seu filho Jesus – a plenitude do Puro Amor!

 

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo – para sempre seja louvado!
Teólogo e Conselheiro Paulo Roberto Benvenutti.
Curitiba, 12 de março de 2024.

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