O terço abençoado

alguns anos, eu estava em um encontro de oração para as famílias organizado pela RCC (Renovação Carismática Católica). Eu era responsável pelos servos  encarregados de rezar pela cura e libertação das pessoas e ao chegar ao encontro, estava acontecendo uma pregação em que, ao término, aconteceria uma oração para invocar o Espírito Santo.

Após essa pregação, durante a oração, uma mulher começou a passar mal e caiu no chão. Ao me aproximar, verifiquei que ela estava com os olhos muito abertos, avermelhados e começou a gritar. Isso por si só não é um sinal de presença diabólica e nós, como leigos, não podemos fazer tal afirmação sem verificar todos os fatores e sem a análise apurada de um sacerdote exorcista.

Como essa mulher estava incomodando com seus gritos os demais participantes, decidi levá-la para uma sala para um primeiro atendimento de oração. Diversas vezes, verifiquei que as pessoas possuem muita ansiedade em ver manifestações demoníacas. A maioria por vã curiosidade, outras para mostrar que “tem autoridade”, além – é claro – daquelas que desejam apenas “ver o circo pegar fogo”.

Junto com uma pessoa, levamos a mulher para uma sala. Ela estava gritando muito e ao descobrir o nome dela com um familiar começamos a chamá-la pelo nome. Ela não respondia e tentava a todo custo fugir da sala. Os olhos estavam cada vez mais esbugalhados. Decidimos, então, começar a rezar por ela calmamente, sem gritaria, sem excessos.

Comecei a pedir à Nossa Senhora que viesse ajudar aquela pobre mulher que estava sofrendo. De repente, a mulher começou a “rezar em línguas” igualzinho os membros da RCC rezam. E virou pra nós e disse:

“- Olha pessoal, eu já estou bem!  Estou até rezando em línguas.”

Achamos muito estranho aquela atitude. Os olhos cada vez mais esbugalhados e vermelhos e ela não aguentava receber a nossa oração, ficava impaciente, gritava, queria sair a todo custo daquela sala. Abro um parêntese para dizer que nossa oração era silenciosa, sem gritaria, nem imposição de mãos. Apenas colocamos as mãos nos ombros da mulher e rezávamos pedindo que o Espírito Santo a acalmasse.

Como a mulher insistia em afirmar que estava bem e até “rezava em línguas”, a pessoa que estava comigo decidiu fazer um teste: em seu bolso haviam dois terços, um abençoado por um sacerdote e outro não. Ela pegou o primeiro terço (não abençoado) e deu para a mulher que segurou prontamente e tornou a afirmar que estava bem. Porém, quando a pessoa que estava comigo pegou o terço abençoado, a mulher entrou em crise furiosa e começou a dizer várias palavras ofensivas, gritando dizendo que não ia segurá-lo. Como nunca tínhamos visto a mulher antes e pela sua reação, acreditamos que tratava-se de um indício de problema espiritual. Porém, sempre friso que casos de possessão diabólica devem ser analisados pelo exorcista da diocese que fará toda a investigação necessária, inclusive com o uso de especialistas na psiquiatria e psicologia, se necessário.

Rezamos mais 30 minutos com essa mulher. Pedíamos à Nossa Senhora que viesse em nosso auxílio, sem gritaria, sem dar nenhum tipo de ordem aos demônios e procurando manter a calma. Ela se acalmou e pôde voltar ao encontro de oração. Passou mal ao longo do dia outras vezes e em um atendimento mais apurado, descobrimos que ela teve um forte envolvimento com o ocultismo.

Neste caso, como a diocese não possuía exorcista nomeado para analisar o caso, começamos a acompanhá-la em oração. Não chegamos a encaminhar o caso ao bispo diocesano porque a mulher começou a melhorar dessas crises.

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