A prática da aromaterapia é condizente com a fé cristã?

Em nosso tempo, é louvável a preocupação que as pessoas têm em consultar a Santa Igreja, a fim de não cair em ciladas ou contradizer os mandamentos da lei de Deus. Atualmente, vemos um distanciamento da fé em relação à humanidade, que parece perder a cada dia os referenciais sagrados.

A atuação do inimigo de Deus na sociedade passa por dois aspectos: o primeiro está envolto em um misticismo exagerado, onde enxerga-se o demônio em tudo e em todos. No segundo, exclui-se qualquer possibilidade da atuação do demônio e seu agir na sociedade é minimizado sob o argumento de que o “mal somos nós”. Nesse aspecto, nunca é demais lembrar o que nos ensinou São Paulo VI:

“[…]Encontramos o pecado, perversão da liberdade humana e profunda causa da morte, porque é um desprendimento de Deus, a fonte da vida (Rm 5,12), e então, por sua vez, ocasião e efeito de uma intervenção em nós e em nosso mundo de um agente sombrio e inimigo, o Demônio. O mal não é mais apenas uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual. Realidade terrível. Misteriosa e assustadora.” [1]

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Em nossa missão de bem formar o povo de Deus, procuramos sempre ponderar o que leva as pessoas a nos procurarem e acreditarem em nós para terem seus questionamentos respondidos. Acreditamos que nossa missão em fornecer conteúdos sobre cura, libertação e exorcismo, alicerçados no que ensina a Santa Igreja e consultando sempre os sacerdotes exorcistas oficiais sejam dois pontos que trazem maior confiabilidade ao que ensinamos. Nesse artigo, procuraremos responder ao seguinte questionamento que nos foi feito:

“É lícito ao cristão utilizar óleos essenciais?”

Iniciamos essa formação com as palavras do Cardeal Frei Raniero Cantalamessa, a respeito do assunto:

“[…]Atualmente cresce a moda da aromaterapia. Consiste na utilização de óleos essenciais que emanam perfume para manter a saúde ou como terapia de alguns transtornos. A internet está cheia de propagandas de aromaterapia. Não se contenta prometendo com eles bem-estar físico como a cura do estresse; existem também «perfumes da alma», por exemplo, o perfume para obter «a paz interior».
Os médicos convidam a desconfiar desta prática, que não está cientificamente comprovada e, mais ainda, em alguns casos tem contradições. [2]

O contexto em que estão inseridos os óleos essenciais é muito mais amplo. Acertadamente, o Cardeal Cantalamessa indica-nos por onde devemos iniciar nossa análise sobre o assunto: a aromaterapia, pois é uma prática que não está cientificamente comprovada.

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O termo aromaterapia surgiu pela primeira vez em um livro do PH.D em química francês René-Maurice Gattefossé.[3]

Define-se como aromaterapia a utilização de óleos essenciais ou outros tipos de fragrâncias, visando melhorar o bem-estar físico e psicológico de uma pessoa, sendo utilizada como terapia complementar (em união com o tratamento médico) ou como medicina alternativa (substituindo o tratamento médico convencional baseado em evidências). Por carecer de um método científico claro, é classificada como uma pseudociência (carece da utilização de um método científico válido).

O católico deve ser prudente em aceitar quaisquer “tratamentos” que lhe são sugeridos e deve sempre se questionar quais são os fins pretendidos.

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Os óleos essenciais são extraídos das flores, folhas, caule ou raízes das plantas, posteriormente diluídos em outro óleo ou em álcool. Podem ser aplicados diretamente na pele, pulverizados no ar, inalados ou diluídos na água do banho.[4] O que se busca com essas substâncias são vários benefícios, tais como: alívio, relaxamento, diminuição da ansiedade, diminuição da pressão arterial, elevar o poder de cérebro, aliviar o stress, melhorar o foco e reduzir a frustração.

De que forma essas substâncias agem para trazer tantos benefícios?

A partir de 1907, quando Gattefossé decide se aposentar do trabalho em sua empresa de aromas e dedica-se a pesquisar sobre a produção de lavanda a convite do Presidente da Associação de Agricultura de sua região. Nessa época, descobre como isolar as moléculas aromáticas, vislumbrando um início promissor para uma nova espécie de terapia com óleo essencial de lavanda. Esse capítulo da história de Gattefossé é importante porque ele já acreditava que os óleos essenciais estimulavam os nervos do nariz, enviando sinais à região do cérebro que controla a memória e as emoções. Esse argumento é utilizado até os dias de hoje, pelos adeptos da aromaterapia.

De fato, existem evidências de que a terapia com aromas possui um efeito passageiro, causando diminuição da ansiedade. Contudo, não há evidências de que esse efeito seja duradouro. [5]

Afinal, utilizar ou não óleos essenciais?

Devemos atentar para o que nos ensinou D. Estevão Bettencourt, gigante e defensor da fé a respeito das medicinas alternativas, categoria onde se faz inserir a aromateria, principalmente porque elas são amplamente utilizadas por adeptos da Nova Era:

“[…]A Nova Era valoriza a Medicina não convencional, ou seja, a Medicina alternativa, mais relacionada com “misticismo” do que com ciência. A justificativa antropológica dessa prática é a seguinte; o homem possui um corpo energético, do qual o corpo físico é apenas uma manifestação. Esse corpo energético consta da mesma energia que constitui a Divindade. As doenças do corpo físico, portanto, são dependentes do corpo energético, pois o corpo físico é o espelho do corpo energético.”[6]

E prossegue:

“[…]Além disto, a Medicina da Nova Era julga que, como a energia divina é luz e a luz compreende as sete cores do espectro, assim também nosso corpo energético, que é divino, é formado pelas cores contidas na luz branca, cores que são chamadas chakras. Cada cor ou cada chakra corresponde a uma região do corpo humano. Consequentemente, o tratamento de moléstias se faz mediante a “energização” do chakra (ou da parte do corpo) afetado; o chakra causa a doença, porque está afetado. Tal energização ocorre mediante o recurso a cores, pirâmides, cristais, Florais de Bach (terapia pelas flores), frases de conteúdo positivo, musicoterapia, massagens orientais e muitos outros procedimentos.”

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Ressaltamos, ainda, que não é incomum encontrar adeptos dos tratamentos com óleos essenciais ensinando que eles devem ser utilizados para “trazer boas energias”, que não sabe de onde vem e nem a que perigos podem expor as pessoas.

O problema está nos fins para os quais os óleos essenciais são utilizados: se possuem um fim baseado na aromaterapia, não recomendamos sua utilização, conforme expusemos acima, somado a uma questão médica: alguns óleos essenciais podem causar graves alergias, outros não podem ser ingeridos, além é claro de não terem sua eficácia comprovada. Se forem utilizados para perfumar o ambiente, não há objeções.

Por fim, o Cardeal Cantalamessa nos indica uma “aromaterapia segura e infalível”:

“[…]Mas o que quero dizer é que existe uma aromaterapia segura, infalível, que não tem contraindicações: a que está feita como o aroma especial, com o «sagrado crisma da alma», que é o Espírito Santo! Santo Inácio de Antioquia escreveu: «O Senhor recebeu sobre sua cabeça uma unção perfumada (myron) para exalar sobre a Igreja a incorruptibilidade» [7].

 

Referências

[1] Alocução “Livrai-nos do mal”, São Paulo VI, 15 de novembro de 1972.
[2] Advento na Casa Pontífícia, 14/12/2007.
[3] Gattefossé, R.-M.; Tisserand, R. (1993). Gattefossé’s aromatherapy. Saffron Walden: C.W. Daniel.
[4] WebMD, “What Is Aromatherapy?”, consultado em 17/12/2021.
[5] Cooke, Brian; Ernst, Edzard (junho de 2000). «Aromatherapy: a systematic review» (PDF). British Journal of General Practice (50): 493–496
Christine Dunn, Jennifer Sleep, David Collett (janeiro de 1995). «Sensing an improvement: an experimental study to evaluate the use of aromatherapy, massage and periods of rest in an intensive care unit»Journal of Advanced Nursing21 (1): 34-40. doi:10.1046/j.1365-2648.1995.21010034.x  Katie Soden, Karen Vincent, Stephen Craske, Caroline Lucas, Sue Ashley (2004). «A randomized controlled trial of aromatherapy massage in a hospice setting». Paliative Medicine. 18 (2): 87–92. doi:10.1191/0269216304pm874oa
[6] Fragmento de texto de D. Estevão Bettencourt, Ordem de São Bento. Doutor em Teologia, presente no blog do Dr. Nasser.
[7] S. Ignazio d’Antiochia, Agli Efesini 17.

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