“Para escutar Deus é preciso: Aceitar, não entender. Estar disposto a sofrer. Renunciar ao mal e escolher o bem…” (Chiara Corbello Petrillo).
A frase acima tem como autora uma das filhas amadas de Deus que hoje a igreja proclama “Serva de Deus Chiara Corbello Petrillo”.
Chiara, foi uma jovem que esteve conosco entre os anos de 1984 e 2012, que viveu seus 28 anos aprendendo desde
muito cedo a amar a Deus em cada sofrimento da vida. Se pudesse descrever Chiara, não poderia lhe faltar a notoriedade que a leveza e a paz que seu sorriso trazia, nada parecia abalar essa alma, ao mesmo tempo que parecia tão frágil.
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Chiara deixa uma forte mensagem de como amar em meio ao sofrimento pois, tornou uma doença agressiva como um martírio de vida e deixa um legado surpreendente contra o aborto e a favor da vida e da família, conforme imagem e semelhança de Deus.
Nascida em Roma, em uma família tradicionalmente católica e fervorosa, desde cedo teve contato com a tradição, os movimentos pastorais da igreja e um amor especial por Nossa Senhora. Aos 18 anos de idade, foi em uma peregrinação ]á Medjugorie, um pequeno vilarejo da Bósnia e Herzegovina, onde se acredita que haja aparições de Nossa Senhora desde 24 de junho de 1981. (Embora ainda não haja um reconhecimento oficial da Igreja Católica sobre esses fenômenos, na prática percebe-se que muitos devotos vão até lá na esperança de um contato ou mensagem da assim chamada Rainha da Paz.)
Nessa peregrinação ela conheceu seu futuro marido, Pietro Petrillo e quando retornaram iniciaram o namoro que durou seis anos, até o casamento em 2008. Foi um namoro conforme a vontade de Deus, porém também comum, isto é, havia contradições entre eles, aprendizados, caminho de maturidade e conversão.
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O drama da família se inicia quando ao se casarem, logo realizam o sonho de se tornarem pais. Chiara fica grávida de sua primeira filha, Maria Grazia Leticia. Porém, conforme o desenvolvimento da gestação, foi detectado que Maria seria uma criança anencéfala (com má formação cerebral aguda).Os médicos recomendaram o aborto, porém o casal estava decidido a levar a gravidez até o fim, compreendendo que ali havia uma vida. Maria Letizia sobreviveu durante 30 minutos após o nascimento e faleceu. Seu funeral foi carregado de muita emoção, mas também com aquela sensação de eternidade que paira no ar quando Deus se faz presente; nada atemorizada, Chiara confiava plenamente
na vontade de Deus.
Pouco tempo depois, Chiara ficou grávida novamente, de Davide Giovanni, porém novamente os exames detectaram que ele nasceria com má formação, dessa vez, sem as perninhas. Contudo, Chiara e Enrico se mantiveram firmes como na primeira gestação, a levaram até o fim, se entregando cada vez mais na vontade de Deus e em seus propósitos. Davide nasceu e viveu por algumas horas, e acabou falecendo no mesmo dia de seu nascimento. A dor imensurável dessa mãe se tornou cada vez mais um aprofundamento espiritual que pouco vemos, mas todos somos capazes de viver. Enrico e Chiara tinham o firme propósito de amar seus filhos com todo o seu coração desde sua concepção, para que nunca lhes faltasse o mais valioso.
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Passado alguns meses, Chiara engravida pela terceira vez, dessa vez de Francesco, que apontara em todos os exames que estava perfeitamente saudável e em desenvolvimento contínuo. O casal estava radiante de alegria! Contudo, no meio do período gestacional, Chiara foi diagnosticada com um tumor maligno na língua.
As perspectivas que Chiara tinha para seu tratamento eram de quimioterapias e remédios fortíssimos, aliado a uma cirurgia que realizou de emergência durante o período, o que afetaria o desenvolvimento de seu bebê. Enrico e Chiara porém, nunca interpuseram dúvidas sobre qual eram as suas prioridades e mais uma vez, Chiara se adiantou em segurar nas mãos do Senhor novamente e adiou seu tratamento até o nascimento do filho. E assim o ocorreu!
Em 30 de maio de 2011, nasce Francesco, perfeitamente saudável e a mãe inicia seu tratamento para o tumor que estava tomando proporções maiores.
O desenvolvimento do filho Francesco fez todo sacrifício de Chiara valer a pena, o que enchia aquela família de alegria, uma santa alegria que só provém daqueles que foram provados na batalha e conseguem experimentar sem medo as vitórias.
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Chiara, Enrico e Franchesco chegaram a ir para a Santa Sé em 2012 e foram abençoados pelo Papa Bento XVI em plena praça de São Pedro. Com o tempo e o agravamento da doença que tornara-se uma metástase, a nossa irmã se retira para uma casa de campo dos pais, onde recebia frequentemente os sacramentos através da visita do Pe. Vito, sacerdote e testemunha ocular da santidade de Chiara desde o tempo de namoro da mesma.
Chiara, entretanto, a cada dia ficava mais fragilizada pela doença, que atingira sua visão por completo, porém, sua a vista do céu e o aprofundamento espiritual foram sendo fortalecidos.
Em seu livro biográfico, há um trecho de um diálogo belíssimo entre Chiara e Enrico no ápice de sua doença, onde diz:
“Nos seus últimos momentos de vida, Chiara está em frente ao sacrário, fitando a Jesus de forma apaixonada. Diante dessa cena, Enrico, pensando na frase de Jesus que diz: “O meu jugo é suave e meu peso é leve”, faz uma pergunta a sua esposa. “Chiara, mas é realmente suave esse jugo, essa cruz, como diz Jesus? E Chiara, sorrindo, com um fio de voz, desviando seu olhar do sacrário para o marido, responde-lhe: Sim, Enrico, é muito suave. Realmente Jesus não os enganou. O caminho é exatamente este”. (Vivemos e Jamais Morreremos)
Chiara falece em 13 de junho de 2012, deixando o marido e o filho, que até hoje testemunha ao mundo inteiro o legado de amor que ela deixou. Seu funeral reuniu milhares de pessoas em Roma, o clima que pairava no ar era de uma alegria inexplicável, e não digo inexplicável ao dever-se ao fato de sua intensidade somente, mas de não haver explicação. Como um momento que teria um clima fúnebre, se tornar uma grande celebração? Parecia que Chiara estava mais viva do que aqui, e cuidando dos seus de forma presente e saudável.
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Todos os relatos estão incrivelmente explicados e detalhados no livro publicado por suas amigas Simone Troisi e Cristiana Passini, que viveram intimamente com o casal e compilaram os inspiradores diálogos e estilo de vida em dois livros magníficos: “Vivemos e Jamais Morreremos” e “Pequenos Passos Possíveis”.
Durante as leituras, nota-se que Chiara deixou um legado muito evidente em uma filosofia chamada “Pequenos Passos”, isto é, testemunhava que a santidade se dá em pequenos passos possíveis e tangíveis a todos nós, sem exceção, comprovando eficazmente o que muitos Santos já nos falaram e viveram, que em pequenos e humildes passos diários se chega a santidade e principalmente, reconhece que é na santidade onde se encontra a fortaleza e a felicidade. Poderia citar inúmeras frases de Chiara, mas basta a certeza que ela veio para mostrar em nosso tempo (Geração São João Paulo II, como dizem), que sim, a santidade é possível e assim o é para todos os convidados do Senhor!
O processo de beatificação de Chiara iniciou-se em 02 de julho de 2018, passando a ser conhecida como “Serva de Deus”.
Serva de Deus Chiara Corbello Petrillo, rogai por nós!
