Padre Rodewyk: o Exorcista que identificou a possessão de Anneliese Michel

O caso emblemático de Anneliese Michel ainda é tratado superficialmente. Existem muitos detalhes que são pouco ou quase nunca tratados, limitando-se as pessoas de saberem: tratava-se de uma autêntica possessão diabólica.

O fato dessa jovem ter morrido enquanto era submetida aos exorcismos, bem como os pais e os exorcistas terem sido submetidos a um julgamento civil, não muda o fato de que ela sofreu com uma possessão demoníaca. São coisas diferentes: a atuação dos sacerdotes e o seu procedimento, bem como o real estado de Anneliese.

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Quando se retrata a história de Anneliese, é muito comum omitir-se um personagem que foi central e que pouco se conhece: o Padre Adolph Rodewyk, S.J (1894-1989).

Padre Adolph Rodewyk era uma autoridade no assunto do exorcismo na Alemanha da década de 70. Escreveu os livros Dämonische Besessenheit heute (“Exorcismo hoje”) e Dämonische Besessenheit in der Sicht des Rituale Romanum (“Exorcismo de acordo com o Ritual Romano”), ambos sem tradução para o Português. Sobre o primeiro, na tradução italiana, o saudoso Padre Amorth fez uma nota de apresentação, exaltando o trabalho do Padre Rodewyk, um sacerdote santo, que praticou exorcismos:

“É raro encontrar um livro profundo e sério, que apresente um caso único, seguido e explicado desde os mais diversos pontos de vista. Um único fato, concernente a um fenômeno tão variável de pessoa para pessoa, é claro que não pode ser aplicado a todos os casos. Mas também é verdade que mesmo um estudo aprofundado de um único fato dá a oportunidade de aprender muitas coisas que são difíceis de aprender lendo uma vasta série de casos, resumidos de forma sintética. O autor, o jesuíta Pe. Adolf Rodewyk (1894-1989), religioso de vida santa e vasta cultura, teve a oportunidade de aprofundar o problema da possessão diabólica e de praticar exorcismos, para se tornar uma autoridade neste campo, hoje tão negligenciado pela Igreja Latina. E a sua longa vida deu-lhe a oportunidade de adquirir uma experiência tal que a sua história será de grande utilidade para os que se interessam pelo assunto ”(Padre Gabriele Amorth). [1]

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O Padre Rodewyk visitou Anneliese pessoalmente no início de 1975. Ao chegar à residência da jovem, encontrou-a em transe e falando com voz gutural e essencialmente masculina. O demônio apresentou-se a ele como o nome de Judas Iscariotes. Essa é uma das questões mais polêmicas do caso: a possibilidade de uma alma danada (condenada) possuir um ser humano. Sobre esse assunto, por mais que se diga o contrário, mantemos nossa confiança na palavra de Deus, que é frontalmente contra essa possibilidade:

“Abraão, porém, replicou: Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso, ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que os que querem passar daqui para vós não o podem, nem os de lá passar para cá. O rico disse: Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para lhes testemunhar que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos. Abraão respondeu: Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos! O rico replicou: Não, pai Abraão; mas, se for a eles algum dos mortos, se arrependerão. Abraão respondeu-lhe: Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos.”

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As conclusões sobre o estado de Anneliese foram discernidas pelo Padre Rodewyk, que após visitá-la e vê-la em transe, não teve mais dúvidas a respeito do seu estado de possessão diabólica. Registre-se o fato de que ele próprio não pôde ser o exorcista da jovem, por já estar na época com a idade muito avançada (79 anos). O demônio, inclusive, ressaltou esse fato em um dos exorcismos registrados:

“[…] Aquele de Frankfurt já me expulsou várias vezes, mas não pode fazer isso mais, pois está muito velho.” [2]

Antes de decidir encaminhar ao bispo o pedido formal para a realização de um exorcismo, Padre Rodewyk com outros sacerdotes (o pároco de Anneliese, inclusive), cogitaram enviá-la para a Itália, dada a facilidade de encontrar igrejas no país em que o exorcismo era praticado com frequência. Mas diante da possibilidade de expor desnecessariamente Anneliese, decidiram por encaminhar o caso ao bispo, a fim de lhe solicitar autorização formal para o exorcismo.

O escolhido para a tarefa, inicialmente, seria o seu pároco, Padre Ernest Alt. Mas por sugestão de outro sacerdote, o Padre Arnold Renz, superior do mosteiro salvatoriano de Ruck-Schippach, foi o escolhido para assumir o caso por ter a prudência e a piedade necessárias. Ainda assim, o Padre Rodewyc esteve presente na sessão de exorcismo rezada em Anneliese em 06 de outubro de 1975. Levou consigo outro sacerdote que saiu escandalizado com o que testemunhou.

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Quando se fala do Caso Klingenberg (como ficou conhecido o caso de Anneliese), são desconhecidos muitos desses fatos e tenta-se reduzir o caso da jovem a um erro de julgamentos dos sacerdotes, que estariam diante de uma doença mental. Anneliese não era doente mental e durante muitos anos passou perambulando de médico em médico, tentando encontrar a cura para o mal de que padecia. Seu caso não foi discernido de qualquer forma e nem por qualquer pessoa. O Padre Rodewyk era uma autoridade no assunto. Sabia o que estava fazendo e havia praticado muitos exorcismos em possessos. Foi dele o famoso Caso Magda, de uma enfermeira que estava possuída pelo demônio e foi exorcizada por ele. Seu caso deu origem a um dos livros do Padre Rodewyk.

Salve Maria!

Notas explicativas

[1]Possessione Diabolica Oggi, P. Adolf Rodewyk S. J., edição e, língua italiana. Apresentação do livro em traduçaõ livre do italiano.

[2] Anneliese Michel: a verdadeira história de um caso de possessão demoníaca, Padre José Antonio Fortea e Lawrence E. U. LeBlanc, p. 65. 2021. Ed. Cristo Rei.

[2] Cf. Lc 16, 25-31.

 

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