Por que o Arcebispo de São Francisco exorcizou a imagem de São Júnipero?

Em 12 de outubro de 2020, dia de Nossa Senhora Aparecida no Brasil, no norte da Baia de São Francisco, aconteceu um grave motim que culminou com a destruição completa da estátua de São Junípero Serra.

São Junípero Serra é conhecido como o apóstolo da Califórnia. Foi beatificado por São João Paulo II em 25 de setembro de 1988 e canonizado pelo Papa Francisco em 23 de setembro de 2015.

Reconhecido como excelente pregador, nunca se afastou desse ministério, tendo desbravado territórios longínquos, que hoje pertencem aos Estados Unidos da América:

“Em junho de 1767, depois da expulsão dos jesuítas das possessões do vice-reino da Espanha por decisão de Carlos III, as missões da Baixa Califórnia foram confiadas aos Franciscanos e Frei Junípero foi nomeado seu superior. Em 1º de abril de 1768, junto com 14 companheiros, empreendeu a corajosa e extenuante viagem rumo à península da Baixa Califórnia, cujo clima é caracterizado por longos períodos de seca e de temperaturas muito elevadas. Estabeleceu o quartel general da missão em Loreto. Fez o que pode sempre sob a vigilância do governo civil sobre as missões. Incansável foi seu trabalho também porque a população local vivia somente de caça e da pesca desconhecendo as técnicas do cultivo da terra.” Província Franciscana da Imaculada Conceição

A destruição da sua imagem tem origem desde a sua canonização, pois uma semana depois do Papa Francisco tê-la proferido, sua estátua foi brutalmente vandalizada, ao lado de seu túmulo.

Para canonizá-lo, Francisco teve de sair em sua defesa, haja vista o rumor espalhado de que São Junípero Serra era um genocida de povos indígenas.

Disse o Papa à época:

“Junípero procurou defender a dignidade da comunidade nativa, protegendo-a de todos aqueles que abusaram dela; abusos que hoje continuam a encher-nos de pesar, especialmente pela dor que provocam na vida de tantas pessoas”.

Os historiadores defendem que São Junípero protestou contra os abusos e trabalhou para combater a opressão colonial contra os povos indígenas na América do Norte. Em outubro de 2020, pela segunda vez, manifestantes furiosos – guiados pela falta de formação adequada ou pelo espírito de vingança – atacaram a imagem do santo junto ao seu túmulo e, dessa vez, num protesto que começou pacífico e rapidamente se descontrolou, destruíram-na completamente.

Pela segunda vez, o Arcebispo de São Francisco, Dom Salvatore Joseph Cordileone, proferiu um exorcismo sobre a imagem destruída e aonde aconteceram os atentados contra o local sagrado. Ele ainda afirmou:

“Oramos para que Deus purifique este lugar de espíritos malignos, para que ele possa purificar os corações daqueles que perpetraram essa blasfêmia, para que os envolva em seu amor, para que seus corações sejam abrandados e se voltem para Ele.”

O exorcismo para afastar a ação dos demônios

Ensina-nos o catecismo da Igreja Católica:

“Quando a Igreja pede publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto seja protegido contra a ação do Maligno e subtraído ao seu domíniofalase de exorcismo.” CIC nº 1673

A fórmula de exorcismo utilizada por Dom Cordileone não foi a do exorcismo maior, destinada aos possuídos pelo demônio. Ele aspergiu o local com água benta e proferiu uma fórmula de exorcismo menor, destinada às casas e ambientes.

O trabalho de exorcizar locais, como casas ou edifícios, é muito comum no ministério do exorcista quando este percebe haver algum influxo da ação diabólica neles. O demônio pode agir sobre esses lugares, no fenômeno conhecido como infestação diabólica:

“Com a expressão infestação diabólica indicamos todas as espécies de ações demoníacas dirigidas a lugares ou a coisas das quais o homem se serve, animais incluídos. Enquanto na vexação, na obsessão e na possessão o demônio ataca diretamente o homem, na infestação o agride indiretamente, causando dano àquilo que serve à sua vida.
Entre as coisas que o homem usa, as realidades mais frequentementes teatro de fenômenos atribuíveis a uma ação extraordinária do demônio são as casas e os objetos. Os modos pelos quais as casas podem ser infestadas por espíritos imundos, tornando-as muitas vezes inabitáveis, são diversos: às vezes mostrando-se em aspecto de sombras para aterrorizar os habitantes e outras pessoas; às vezes sibilando, falando, rindo ou simulando muitos outros rumores. Às vezes movendo ou quebrando utensílios e perturbando os habitantes, impedindo-lhes o sono. Às vezes inferem graves males, como jogar pedras, facas e outras ações deste gênero, infligindo também golpes ou batidas. Às vezes aparecem com aparência de bodes, serpentes, gatos ou de outras formas de animais ou de formas monstruosas. Às vezes provocam perturbações: por exemplo, acordando os que dormem com rumores de portas que batem, de passos nos corredores ou nos forros; ou arrancando ou rasgando as roupas, tirando as cobertas e os lençóis. A tudo isso podem ser acrescentadas muitas outras coisas do gênero.” Critérios de discernimento oferecidos aos pastores de almas para compreender se uma pessoa deve ser submetida à avaliação de um sacerdote exorcista, Padre Francesco Bamonte.

A defesa de São Junípero Serra

O Arcebispo Cordileone defende que há falta de interpretação adequada a respeito da figura de São Junípero:

“Não há dúvida de que os povos indígenas do nosso continente sofreram com os europeus que vieram para cá e seus descendentes, especialmente depois que a era das missões terminou e a Califórnia entrou nos Estados Unidos. Mas o Pe. Serra é o símbolo errado daqueles que desejam abordar ou reparar essa queixa”.

O bispo proferiu as orações de exorcismo pela segunda vez porque onde há fúria, confusão e morte, Satanás aí está para tentar instarurar o seu reino de destruição e ódio.

Que a Virgem Santíssima cubra-nos com o seu manto!

Fonte de pesquisa: National Catholic Register

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