A força dos sacramentais a serviço do Exorcista

“Os sacramentais são sinais sagrados que, como os sacramentos, indicam antes de mais nada a bondade espiritual alcançada por intercessão da Igreja. Não são sacramentos, mas preparam para receber o efeito adequado dos sacramentos e santificar as várias circunstâncias da vida (ver Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia “Sacrosanctum concilium” , n. 60). O número de sacramentais é ilimitado. São sinais visíveis – ritos instituídos pela Igreja para obter os favores e bênçãos de Deus sobre pessoas e coisas. Os sacramentais são comumente chamados de objetos sagrados.”
Padre Dr. Dr. Krzysztof Modras, OP, Exorcista Oficial da Arquidiocese de Lublin para a Revista Mensal Egzorcysta

Na luta espiritual que o sacerdote exorcista empreende todos os dias, existem ferramentas que estão postas à sua disposição, a fim de colaborar com o combate direto ao maligno. Mais do que isso, essas ferramentas espirituais estão à disposição de todo cristão e são chamados de sacramentais, ou, objetos sagrados.

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A água benta, o sal e o óleo exorcizados, o crucifico ou uma medalha milagrosa são exemplos de sacramentais que, devidamente abençoados, adquirem um poder especial para a proteção dos filhos de Deus contra as forças das trevas. Mas atenção: esses objetos não substituem a busca constante por uma vida santa e entregue à vontade de Deus, os seus ensinamentos e a retidão em Seus caminhos.

Os sacramentais funcionam a partir da ação da Igreja, que exerce o poder de Cristo para abençoar através dos seus ministros ordenados: “Ao contrário dos sacramentos, os sacramentais não funcionam ex opere operato, mas ex opere operantis Ecclesiae, isto é, através da ação da Igreja, que neste caso significa a oração constante dos membros justificados da Igreja universal. Os sacramentais não comunicam a graça do Espírito Santo na forma dos sacramentos, mas permitem que recebam a graça de Deus e cooperem com ela, preparando-os para receber o efeito adequado dos sacramentos, ajudando a manter a graça santificadora e inclinando-os a continuar seu caminho espiritual. Graças às nossas próprias orações, ao fazer o sinal da Santa Cruz e ao exame de consciência diário, é mais fácil para nós aproximarmo-nos do sacramento da penitência e participar mais fecundamente na Eucaristia e receber a Sagrada Comunhão”, explica ainda Padre Krzysztof.

Os objetos sagrados adquirem esse poder após serem abençoados e usados com fé. A fé também é um aspecto fundamental para que os sacramentais alcancem o seu objetivo espiritual:  “O efeito dos sacramentais depende em grande parte da disposição dos fiéis que os usam, especialmente de sua fé. Os sacramentais não são necessários para a salvação, mas são recomendados pela Igreja como úteis e salutares”, adverte-nos o exorcista.

No Rituale Romanum publicado em 1614 por ordem de S.S Paulo V, os objetos sagrados passaram a possuir maior atenção nos ritos de benção, como o elemento água e o sal, que passam a serem chamados de “criatura” e são exorcizados:

Exorcizo te creatúra aquae, in nomine Dei Patris, omni poténtis, in nomine Jesu Christi Filii ejus Dómini nostri, et in virtúte Spíritus Sancti, ut fias aqua exorcizáta ad effugándam omnem potestatem inimici; et ipsum inimicum eradicáre et explantáre valeas cum angelis suis apostáticis: per virtútem ejusdem Dómini nostri Jesu Christi, qui ventúrus est judicáre vivos et mórtuos, et saecufum per ignem. Amen.”
Rituale Romanum, Ordo ad Faciendam Aquam Benedictam, p. 228.

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Os sacramentais são formas que Deus nos deixou para que consigamos santificar os eventos cotidianos da nossa vida, além de estarmos mais protegidos contra a ação do maligno contra nós e nossas famílias: “Os sacramentais podem santificar todos os eventos da vida dos fiéis. Eles fazem o uso correto das coisas materiais para santificar a pessoa inteira, glorificar a Deus e aprofundar o relacionamento com ele”, orienta Padre Krzysztof.

Como objetos sagrados, não devem ser usados como amuletos e nem que se pense em substituir a luta diária que precisamos travar para viver na graça de Deus:

“A Santa Mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem espiritual. Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da vida.” CIC 1667.

As relíquias dos santos são, ainda, exemplos de sacramentais que não podem ser desprezados. Por tratarem-se de um sinal visível da história de vida de uma pessoa que chegou aos altares por viver sua vida dedicada com a máxima doação à Cristo, nosso Deus, adquirem um poder especial de nos fazer encontrar com o Criador. E Ele, nosso Deus, abençoa de maneira magnífica esses objetos, sejam roupas ou até mesmo, partes do corpo de determinado santo que caminhou entre nós.

Junto à veneração das relíquias dos santos, encontramos a religiosidade popular que se une às “outras celebrações litúrgicas” e das quais o Catecismo não nos deixa esquecer:

“Fora da liturgia dos sacramentos e dos sacramentais, a catequese deve ter em consideração as formas de piedade dos fiéis e a religiosidade popular. O sentimento religioso do povo cristão desde sempre encontrou a sua expressão em variadas formas de piedade, que rodeiam a vida sacramental da Igreja, tais como a veneração das relíquias, as visitas aos santuários, as peregrinações, as procissões, a via-sacra, as danças religiosas, o rosário, as medalhas, etc.” CIC 1674.

Finaliza o exorcista da Arquidiocese de Lublin constatando:  “Graças aos sacramentais, em nossa vida diária combinamos o sagrado e o profano, o religioso com o secular, o sobrenatural e a vida terrena. Os sacramentais contêm uma oração que é acompanhada por um sinal específico, por exemplo, a imposição de uma mão, o sinal da cruz, aspergir com água benta, a incensação. Desta forma, a graça de Deus permeia e transforma nossa vida diária.”

Que o bom Deus nos abençoe e nos guarde!

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