A importância do diretor espiritual

O diretor espiritual é uma das vias da salvação encontradas por Jesus para, através da sua Igreja, direcionar o nosso caminho rumo à pátria celeste. Essa figura, ao longo dos últimos séculos, tem perdido cada vez mais o espaço que lhe é devido e pouco se fala do seu inestimável valor.

A figura do diretor espiritual foi extremamente valorizada por Jesus e o podemos confirmar examinando a vida dos santos, especialmente aqueles que ouviam e falavam diretamente com Nosso Senhor, como Santa Faustina Kowalska:

“Jesus disse: ‘Será suficiente uma só coisa. Tu descerás à terra e sofrerás muito, mas não por muito tempo, e cumprirás a Minha vontade e os Meus desejos, e um fiel servo Meu te ajudará a cumpri-los’. Agora reclina a tua cabeça sobre Meu peito, sobre o Meu Coração, e tira dele força e vigor para todos os sofrimentos, porque em nenhum lugar encontrarás alívio, ajuda ou consolo. Deves saber que muito, muito, terás que sofrer, mas não te assustes com isso: Eu estou contigo.”[1]

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E cumprindo sua santa vontade, Jesus fez com que Santa Faustina encontrasse o seu diretor espiritual:

“Contudo, a bondade de Jesus é infinita e Ele prometeu-me ajuda visível na terra e a recebi em breve em Vilnius. Reconheci no Pe. Sopoćko essa ajuda de Deus. Antes de chegar a Vilnius, conheci-o por uma visão interior. Certo dia, vi-o na nossa capela entre o altar e o confessionário. Então ouvi uma voz na alma: Eis a tua ajuda visível na terra. Ele te ajudará a cumprir a Minha vontade na terra.”[2]

O diretor espiritual é dotado de grande autoridade por Jesus. E foi através de vários deles, que fez-se chegar até nós inúmero escritos da vida dos santos, que se tornaram grandes tesouros espirituais da Igreja:

“[…]Disse-me quem me mandou escrever, que estas freiras destes mosteiros de Nossa Senhora do Carmo têm necessidade de que alguém lhes declare algumas dúvidas de oração, e lhe parecia que melhor entendem as mulheres a linguagem umas das outras.”[3]

Sta.Gemma Galgani
Páginas do Diário de Santa Gemma retornadas do inferno e pisadas pelo demônio.

Santa Gemma Galgani, a “jóia de Jesus”, foi acompanhada espiritualmente pelo Padre Germano de Santo Estanislau. Foi ele quem lhe mandou escrever um diário para registrar os momentos de sua vida e assim, deixar registrado todos os encontros místicos que tinha com Nosso Senhor, Nossa Senhora, os santos, anjos e às provas com os demônios.

O diário ganhou de Gemma o nome de “Caderno dos meus pecados” e era especialmente odiado pelo demônio, que não hesitou em levá-lo inteiro para o inferno, a fim de evitar que suas páginas chegassem às almas.

Longe de Gemma, junto ao túmulo de São Gabriel da Via Dolorosa, Padre Germano é avisado do intento demoníaco e dali mesmo realiza um exorcismo, ordenando ao demônio que devolvesse o diário a Gemma. O diabo, sem nada poder fazer e com muita fúria, devolveu as páginas do diário que trouxe consigo uma evidência de ter estado na terra dos condenados: as manchas de patas com enxofre no papel.

As “patas” do demônio, conta-se, estão com uma substância de enxofre não catalogada em nosso mundo.

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Também uma Madre Superiora ou religiosa de reconhecida retidão podem ser diretoras espirituais. Foi assim com a Doutora da Igreja, Santa Tereza D´Avila que dizia: “Quem a Deus tem, nada lhe falta.”

O diretor espiritual é alguém a quem podemos e devemos contar toda a nossa vida, sem esconder nada. É uma graça concedida por Jesus encontrar um sacerdote que seja nosso diretor espiritual:

“É uma grande, imensamente grande, graça de Deus ter um diretor espiritual. Sinto agora que eu não saberia caminhar sozinha na vida espiritual. Grandioso é o poder do sacerdote. Dou graças a Deus sem cessar por me ter dado um diretor espiritual.” [4]

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Como uma graça concedida, é ao Senhor que devemos pedir essa graça, a fim de encontrar aquele sacerdote que seja o escolhido por Cristo para nos levar à santidade.

Quando nos reunimos com o nosso diretor espiritual, podemos partilhar com ele a nossa vida, aflições e pecados que nos tiram a paz e a graça de Deus. Através desse caminho, vamos adquirindo a fortaleza e a perseverança necessárias para santificar o nosso proceder.

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Dentro de nós, existem dois homens: um novo e um velho [5]. Essa dicotomia nos leva a entrar em uma luta diária contra a carne:

“Os dois homens são como “brigões” que puxam de uma corda, cada um por um extremo, em sentido contrário. Se o “velho” levar a melhor, arrasta-nos para longe de Cristo. Mas toda vez que o novo vence – mortificando o egoísmo com a força do amor -, aproxima-nos de Deus, da amizade com Cristo, da união com Ele. Sim, é a intimidade com Deus, a sintonia com Deus, a amizade que tudo compartilha com o Amigo.”[6]

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O diretor espiritual é aquele escolhido para nos fazer caminhar rumo ao céu. Deve ser alguém que o Senhor Jesus nos concede como uma graça especial para visitarmos regularmente, nos aconselhar, rezar juntos, além de nos indicar o caminho que devemos seguir para não nos desviarmos de Deus. Deve ter autorização concedida livremente por nós de dizer-nos o que é bom e o que é mal, corrigindo o nosso proceder, quando necessário. Pode ou não ser o nosso confessor, mas caso seja, não devemos deixar de contar a ele quando foi a última vez que nos confessamos e quais os pecados que estão difíceis de serem vencidos. É a porta de entrada para o confessionário:

“É necessário voltar ao confessionário, como lugar no qual celebrar o sacramento da reconciliação, mas também como lugar onde “ habitar ” com mais frequência, para que o fiel possa encontrar misericórdia, conselho e conforto, sentir-se amado e compreendido por Deus e experimentar a presença da Misericórdia Divina, ao lado da Presença real na Eucaristia.”[7]

Derramar o coração diante do diretor espiritual é entrar na presença de Deus:

“Abriste sinceramente o coração ao teu diretor, falando na presença de Deus… E foi maravilhoso verificar como tu sozinho ias encontrando respostas adequadas às tuas tentativas de evasão. Amemos a direção espiritual”[8]

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Processo de direção espiritual

Existe um dinamismo natural, quando buscamos a direção espiritual, a respeito do nosso autoconhecimento. Esse processo passa por identificar as nossas fraquezas e identificar meios de evitar que estejamos em situações que nos levem ao perigo, correndo o risco iminente de pecar:

“Durante o processo da direção espiritual é necessário entrar no conhecimento próprio à luz do Evangelho e, então, apoiar-se na confiança em Deus. É precisamente um itinerário de relacionamento pessoal com Cristo, no qual se aprende e se pratica com Ele a humildade, a confiança e a entrega de si mesmo, conforme o novo mandamento do amor. Ajuda-se a formar a consciência instruindo a mente, iluminando a memória, fortalecendo a vontade, orientando a afetividade e, com coragem, encaminhando-se generosamente rumo à santidade.”[9]

Objetivo da direção espiritual

A vontade de Deus se manifesta em alguns sinais. Estes, deixam rastros que a alma – atenta às moções que o Espírito Santo concede – sentirá no coração, como forma de buscar um equilibrado discernimento:

“O objetivo da direção espiritual consiste principalmente em ajudar a discernir os sinais da vontade de Deus. Normalmente, fala-se de discernir a luz e as moções do Espírito Santo. Existem momentos nos quais tais consultas são mais necessárias. É necessário levar em conta o “ carisma ” peculiar da vocação pessoal ou da comunidade na  qual vive quem pede ou dá o conselho.”[10]

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Qualidades do diretor espiritual

Os diretores espirituais devem ter um grande espírito de acolhida, escuta, senso de responsabilidade e disponibilidade, senso de paternidade evitando qualquer autoritarismo. Deve ser maduro no exercício do dom de conselho e ter ciência da vida espiritual.

O diretor espiritual pode ser escolhido, proposto ou indicado. Nesse ponto, retomamos aquilo que já explicitamos: rezar e pedir a nosso Senhor Jesus a graça de encontrar aquele que mais Lhe agrada.

O conhecimento da pessoa que vai dirigir deve ser inerente ao serviço pastoral que vai desempenhar para com ela.  O respeito pela consciência dos fiéis deve norteá-lo e sua autoridade não é baseada na jurisdição mas, sobretudo, no senso espiritual da figura que representa: o próprio Cristo.

Qualidades de quem será objeto da direção espiritual (nós)

Aquele que procura ser dirigido espiritualmente deve ter a consciência de que está sob a guia segura de alguém vai encaminhá-lo até Jesus:

Da parte de quem é objeto de direção espiritual deve existir abertura, sinceridade, autenticidade e coerência, colocada em prática através dos meios de santificação
(liturgia, sacramentos, oração, sacrifício, exame…)[11)

Em relação à frequência dos encontros, não há nada pré-estabelecido, levando-se em conta que os primeiros encontros, até para um melhor conhecimento de diretor e dirigido, devam ser mais frequentes.

O dirigido espiritualmente não deve esquecer-se que por mais que tenha liberdade de escolher o diretor espiritual, isso não o isenta quanto a atitude de respeito para com ele. É no momento dos encontros de direção espiritual que se estabelecerão um plano de vida espiritual, a fim de atingir o crescimento e a maturidade espiritual.

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Em relação ao crescimento espiritual, ele será observado na medida em que os conselhos, junto do plano de vida espiritual começarem a serem vividos na prática, bem como a coerência com os atos praticados na vida cotidiana.

Permanecerá o livre-arbítrio: a função do diretor espiritual é ajudar nas escolhas da vida, mas estas não isentam a pessoa de trilhar o seu caminho de liberdade ao qual pode ou não nos levar ao céu. A escolha será sempre nossa!

Que Deus nos dê a graça de encontrar o nosso diretor espiritual.

Referências

1. Diário da Misericórdia Divina, nº 36.
2. Diário da Misericórdia Divina, nº 53.
3. Castelo Interior, nº 04.
4. Diário da Misericórdia Divina, nº 721.
5. Cf. Ef. 4, 22-24.
6. Cf. Para estar  com Deus, Padre Francisco Faus, p. 33).
7. Papa Bento XVI, Alocução aos participantes do XXI Curso sobre o Foro Interno organizado pela Penitenciaria Apostólica, 11 de março de 2010.
8. Josemaria Escrivá, sulco, 152.
9. O sacerdote ministro da misericórdia divina – Subsídio para confessores e diretores espirituais, nº 81.
10. Idem.  nº 78.
11. Idem.  nº 106.

 

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