A mística italiana que recebeu o dom de libertar das possessões diabólicas

Talvez, você nunca tenha ouvido falar sobre ela ou, se ouviu, tenha sido pelo testemunho do saudoso Padre Gabriele Amorth, que utilizava uma oração composta por ela — e ditada pelo próprio Senhor Jesus – para libertar os possuídos.

A Irmã Ermínia Brunetti foi uma freira italiana com dons místicos extraordinários: desde pequena recebeu o dom da clarividência, de ler as mentes e da libertação dos possuídos. Ao Padre Gabriele Amorth, deu a oração abaixo, que afirmava ter-lhe sido ditada pelo próprio Senhor Jesus e que aquele utilizava sobre os possuídos, antes de iniciar os exorcismos:

 

“Espírito do Senhor, Espírito de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, Santíssima Trindade, Virgem Imaculada, anjos, arcanjos e santos do paraíso, venham até mim!

Edifica-me, Senhor, modela-me, encha-me de Ti, usa-me.

Expulsa de mim toda a força do mal, aniquila-a, destrua-a, para que eu possa estar bem e operar o bem.

Expulsa de mim os malefícios, a feitiçaria, a magia negra, a missa negra, os trabalhos, as amarrações, as maldições, o mau olhado; a infestação diabólica, a possessão diabólica, a obsessão diabólica; tudo o que é mal, pecado, inveja, ciúmes, perfídia; o mal físico, psíquico, moral, espiritual, diabólico.

Queima todos estes males no inferno, para que não possam mais me tocar e a nenhuma criatura do mundo.

Ordeno e comando, com a força de Deus onipotente, em nome do Salvador Jesus Cristo, por intercessão da Virgem Imaculada, a todos os espíritos imundos, a toda presença que me molestou, de saírem imediatamente, de saírem definitivamente, e de ficaram eternamente no inferno, presos por São Miguel Arcanjo, São Gabriel, São Rafael, nossos anjos protetores, esmagados sob o calcanhar da Imaculada Virgem Santíssima. Amém!”

 

Por ter sido escolhida por Deus para ajudar as pessoas que sofriam, recebeu grandes dons que vem também com grandes responsabilidades. Sofreu as perseguições e incompreensões das pessoas, inclusive sendo posta sob desconfiança até dentro de sua própria congregação. Contudo, o amor a Deus a fez prosseguir decididamente, tendo livrado muitos, inclusive, de graves possessões diabólicas. Certa vez, ouviu em seu interior a ordem de Jesus:

 

A infância

Nasceu em Castiglione dei Pepoli, uma região da Emília-Romanha, província de Bolonha, em 17 de maio de 1914, sendo batizada no mesmo dia. Perdeu a mãe aos quatro anos de idade e foi criada pela sua avó, que a educou de maneira verdadeiramente cristã. Com doze anos, de maneira sobrenatural, percebeu a “presença espiritual”, que só podia sentir, não via. Começava a ser preparada por Deus para uma grande missão e dotada de carismas extraordinários.

Quando completou 15 anos de idade, sentiu-se chamada a uma vida mais perfeita e foi ao encontro das Filhas de São Paulo, que haviam sido fundadas recentemente em Alba, por Dom Tiago Alberione.

 

Retrospecto de sua vida

 

1932 – Foi enviada para Palermo para iniciar o apostolado, sem ter completado 18 anos. Naquela época, manifesta o carisma do discernimento dos corações, adquirindo a capacidade de dizer a palavra de que cada um necessitava.

1938 – Vai a Roma fazer sua profissão religiosa e recebe o nome de Irma Erminia. Em seguida, é transferida para Pescara e depois para Avellino e continua a aproximar as pessoas, utilizando-se dos carismas que o Senhor lhe concedeu, obtendo grandes conversões e curas inexplicáveis.

1952 – Foi enviada para Albano, com a missão de abrir uma nova livraria. Começam a acontecer eventos extraordinários: como na livraria estava muitas vezes em contato com vários padres, Irmã Erminia começou a perceber quais deles estavam em dificuldades ou em crise com a sua vocação sacerdotal. Percebeu que podia ler a alma da pessoa com quem estava falando e isso a fez sofrer muito, pois percebia quem estava entristecendo o coração de Deus, sentindo-se inspirada a oferecer sua vida por estes. Foi nestas circunstâncias que ela ouviu a voz de Jesus que lhe disse: “Ofereça a sua existência pelos sacerdotes. Assim você me ajudará a resgatá-los”. Tornou-se uma mãe espiritual para os estes, assumindo a missão que o Senhor queria.

1968 – Foi neste ano que, em Catanzaro e Ravena, ouviu novamente a voz do Senhor, que a chamou para uma nova missão: “De agora em diante você não aceitará nenhuma outra missão em seu instituto, porque preparei uma missão para você e quero confiar a você. Você se tornará um instrumento em minhas mãos e se dedicará à obra de misericórdia de meu pai. Ele quer salvar a todos, até os insalváveis”. Por conta das dificuldades que a freira expôs ao próprio Jesus, o Senhor a encorajou: “Esta é a Obra de meu pai; não preste atenção ao que lhe dizem. Prossiga”. Assim, começou a Obra de Misericórdia do Pai Celestial, que visa mostrar à humanidade a misericórdia do Pai que quer salvar a todos, vivos e mortos, mesmo os insalváveis. Para isso, o Senhor queria que ela fosse dispensada de qualquer cargo em sua comunidade e cessasse outras atividades.

1980 – Foi transferida para Rimini. Aqui, pôde cumprir plenamente sua nova missão pela qual foi enriquecida com novos carismas, entre eles o de ver as almas no purgatório para rezar pelo lótus, bem como reconhecer a presença de espíritos malignos nas pessoas e ambientes, bem como a capacidade de afastá-los. Seu dia era muito intenso. Começou a receber pessoas que vinham de toda a Itália, e às vezes até do estrangeiro. Durante um encontro coletivo, expunha a Palavra de Deus, acrescentando uma catequese apropriada que acompanhava com uma oração comum e em seguida, recebia as pessoas individualmente, de manhã até a tarde. Nesse ritmo, permaneceu quase quinze anos. Conversões extraordinárias, curas inexplicáveis e libertação de espíritos impuros muitas vezes aconteciam. Para este propósito, muitas vezes só precisava de um comando: “Vá embora”, e fazia o sinal da cruz sobre os possuídos e o diabo era forçado a fugir. Diante de um bem tão difundido, ainda que realizado às escondidas e longe dos ruídos da imprensa, o diabo estremecia. Este golpeou a Irmã Erminia com contínuas perseguições, a ponto de lhe dar um último empurrão que a fez cair gravemente e acabou por determinar a causa final de sua morte.

1996 – Após várias internações, faleceu em 5 de setembro de 1996 em Albano, no hospital Regina Apostolorum das Filhas de São Paulo, deixando em quem a conheceu pessoalmente a memória de sua afabilidade, a dimensão inconfundível de uma alma que passou sua vida para dar a conhecer as abundantes riquezas da misericórdia do Pai Celestial.

Um testemunho extraordinário com uma alma do purgatório

 

A monja paulina tinha uma devoção particular para com as almas do purgatório. Um evento extraordinário aconteceu com ela enquanto estava em Teramo, para realizar sua missão de “propaganda” lá. Como sempre, ela tinha ido para lá junto com uma irmã. Elas deveriam se encontrar com o bispo, que as mostraria onde ficar. Mas o bispo estava ausente porque estava hospitalizado. Enquanto perambulavam pela cidade sem saber para onde ir, Irmã Erminia ouviu uma voz que lhe dizia:

 

“— Vá à igreja. Invoque a alma mais abandonada do purgatório, reze por ela e ela lhe dirá o que fazer”.

 

Elas foram à catedral para fazer sua hora diária de adoração. Quando saíram, uma mulher se aproximou e perguntou:

 

“— Vocês estão procurando alojamento?”

 

Irmã Erminia achou que era uma pessoa curiosa e sugeriu à mulher que as deixasse em paz e continuasse na estrada. Mas aquela mulher a seguiu dizendo:

“— Primeiro, busca a ajuda de Deus e depois, quando Ele manda a você, não acredita!”.

 

Elas, então, a ouviram:

 

Vá para a esposa de ‘Dom Peppino’, aquela que esteve na América por vinte e quatro anos […] “durante a comunhão esta manhã, ela orou ao Pai Celestial para enviar alguém para sua casa, porque quer fazer boas obras. O Senhor estabeleceu que você vá”.

 

A Irmã Erminia, entretanto, tentou tocá-la, mas foi como tocar o ar e aquela mulher desapareceu. As duas freiras ficaram maravilhadas, também, porque a mulher não lhes mostrara onde poderiam encontrar a senhora de Dom Peppino. Irmã Erminia disse a sua irmã, que permaneceu calada o tempo todo:

“— Vamos perguntar à primeira mulher que encontrarmos, se ela é a senhora de Dom Peppino. No máximo, ela vai achar que somos loucas!”.

 

Foi o que elas fizeram e pouco depois viram uma mulher na porta de um prédio conversando com outra olhando pela janela oposta. Irmã Erminia perguntou-lhe:

 

“— Com licença, você é a senhora de Dom Peppino?

 

Ela se virou para ela e respondeu que sim. Questionou quem as havia enviado e a irmã Erminia acrescentou:

 

“— Uma mulher que não conhecemos está nos enviando. Somos novas por aqui. Ela nos contou que a senhora de Dom Peppino, que estava na América há vinte e quatro anos, esta manhã, na comunhão, pediu ao Senhor que mandasse alguém para sua casa, porque ela quer fazer boas obras. E o Senhor estabeleceu que viéssemos”.

 

A mulher, maravilhada, respondeu:

 

“— Oh, meu Deus, é verdade esta manhã eu acabei dizendo isso! Irmãs, venham!”

 

As freiras entraram em sua casa e tomaram café. Ela queria saber quem era aquela mulher que as encaminhou, mas elas não sabiam. Enquanto tomavam seu café, o olhar delas recaiu sobre uma fotografia ali exposta:

 

“— É aquela senhora ali” — diziam — “quem nos mandou!”

 

Tratava-se da governanta da senhora, que havia morrido um ano antes no sanatório de Teramo. A senhora entendeu que aquelas freiras foram realmente enviadas por Deus e ficaram com ela por dois meses. E depois, sempre que voltavam a Teramo para fazer propaganda, paravam na casa dela, sempre tratadas como filhas.

 

Fontes:
Santos e Beatos
Edições Paulinas

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