Como manter a fé inabalável diante de tantas provações?

“Meu coração disse: Senhor, buscarei a vossa face. É vossa face, Senhor, que eu procuro, não desvieis de mim o vosso rosto! ” (Sl 26,8s)

A fé é o fundamento da esperança, é o alicerce para que possamos equilibrar nossa caminhada, com segurança, neste tempo de peregrinação rumo a Casa do Pai. Em tempo de provação e tribulação precisamos ter uma fé confiante (inabalável), que é uma virtude teologal dada a nós pelo próprio Deus.
No início de 2020 fui levada pelo Espírito Santo a aprofundar sobre a palavra “confiança”, que significa crer com garantia; crer Naquele que não falhará, que é forte o suficiente para cumprir a Sua Palavra; trazer em si a segurança Naquele que você confia.

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Na Celebração Eucarística do segundo Domingo da Quaresma de 2021, na oração da coleta, quando o celebrante eleva a Deus as necessidades do povo, a Igreja reza assim:

“Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a
vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da
vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.

O que aumenta a nossa confiança em Deus? A leitura orante da Sua Palavra, quando o Espírito Santo inspira o fiel àquilo que Ele quer mostrar-lhe pela Sua Palavra, naquele exato momento. Não se trata de fundamentalismo, mas sim de trazer para o cotidiano da vida a experiência com o divino, a famosa dicotomia testemunhal – fé e vida. O testemunho de vida fundamenta e solidifica a fé confiante, virtude teologal.

No livro de Gênesis 22,1-2.9-13.15-18, Deus pôs Abraão a prova pedindo que oferecesse em holocausto o seu próprio filho, Isaac, como prefiguração da morte de Jesus, o filho primogênito e unigênito do Pai. Abraão não titubeou, apenas obedeceu à Palavra de Deus, porém quando ia concretizar a ordem divina, o anjo do Senhor gritou-lhe do céu: ‘Abraão! Abraão! ’ ‘Eis-me aqui! ’ ‘Não estendas a tua mão contra o menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único. ’ (V. 11-12). Graças ao testemunho de Abraão ele tornou-se o “pai da fé” e deixa prefigurado que se cooperamos, naturalmente, na obediência à Palavra, Deus operará o extraordinário em nossas vidas.

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No Salmo 115/116B podemos dizer com o Salmista: Conservei a confiança ainda quando podia dizer: Em verdade sou extremamente infeliz. Não se pode esquecer que o Senhor sente a morte de seus santos, seus amigos. Cabe a cada fiel ofertar, neste tempo de pandemia, um sacrifício de louvor, invocando sempre o nome santo do Senhor, não abandonando em circunstância alguma a santa Igreja.

Prosseguindo na Liturgia da Palavra, vamos escutar no Novo Testamento o testemunho de São Paulo aos Romanos (8,31-34.37-39), quando ele ensina que: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? ” (V. 31), acrescentando que, como Deus nos deu seu próprio Filho para a nossa salvação, por Jesus Cristo estamos livres de toda acusação e condenação. Nem a morte poderá nos apartar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor. Portanto, em tudo somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou. Nada nos acontece sem a permissão divina e de todas as situações vivenciadas tiraremos um bem maior, a nossa salvação.

Em continuidade, no segundo domingo da quaresma, no Evangelho (Marcos 9,2-10), Jesus transfigurou-se diante de Pedro, Tiago e João. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra as pode fazer assim tão brancas. Apareceram-lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus. (V. 3-4).

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Podemos dizer que Jesus nos leva ao monte da luz para contemplarmos o caminho que é necessário trilhar para chegarmos ao céu. A transfiguração é uma antecipação da ressurreição, e a Ressurreição é a referência essencial para o seguimento do Senhor.

Jesus não esconde a cruz, onde seu rosto ficará desfigurado, mas a ilumina pela sua transfiguração, que é antecipação do céu. Não silencia a dificuldade, mas antecipa a glória. Ele Se antecipa para mostrar aos Seus discípulos e a nós que a palavra final não é da morte, da perseguição, nem da maldade. A palavra final é o triunfo da glória de Deus.

Somos chamados a recolher-nos para a oração. Toda oração vivida no recolhimento e na presença de Jesus é uma transfiguração. É na oração que somos transformados e nossos sentidos são purificados. Em oração que contemplamos a glória de Deus, o consolo e a misericórdia divina e a presença amorosa Dele no meio de nós.

Só as testemunhas de seu rosto fascinante se convertem em discípulos capazes de chegar até o cume do Gólgota. Não deixe que as dificuldades do tempo presente turvem a sua visão do que te espera no céu. Que a transfiguração nos ajude a renovar a nossa esperança na vida eterna junto do Senhor. Que Deus purifique o nosso sentido e o nosso coração, que Ele nos conduza, pela via da oração, para a nossa renovação interior.

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Portanto, na fé confiante, a leitura orante da Palavra de Deus e a adoração sustentam nossa vida integralmente em tempo de tribulação (pandemia e lockdown) e provação, nos fortalecendo na esperança pela fé, pois sabemos que nosso Deus é onipotente, onipresente e onisciente. Ele é ontem, hoje e sempre! Pela transfiguração de Jesus, Pedro, Tiago, João e nós (de forma extemporânea) vimos a essência de nosso Senhor Jesus Cristo e podemos passar por Sua desfiguração na paixão e morte (no sofrimento), conscientes de sua ressurreição (glória definitiva).

Podemos passar pelo sofrimento, porém nem a morte tem o condão de nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus e o nosso destino nesta vida passageira é a vida eterna.

Marizete Martins Nunes do Nascimento
Procuradora Federal Aposentada
Autora do livro “Eis o que diz o Senhor”.

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