De uma vez por todas: é possível dar ordens ao demônio sem ser exorcista?

Sim, é possível, e a resposta nos foi dada durante a última Convenção da Associação Internacional de Exorcistas (AIE) por um dos principais especialistas em demonologia da Santa Igreja, o Padre Piermário Burgo. Para fazer tal afirmação, que não deve ser interpretada como uma autorização para leigos realizarem rituais de exorcismo em pessoas possuídas, o Padre Burgo fundamentou-se na antropologia teológica. Ele lembrou que:

“Todo indivíduo em estado de graça de Deus está hierarquicamente acima de todos os demônios, sem exceção. Portanto, é proibido ao cristão ter medo do diabo; ao contrário, deve ser encorajado a desprezá-lo. Assim, em situações de necessidade e emergência, desde que a pessoa saiba o que está fazendo, não é inadequado ou perigoso ordenar que o demônio cesse sua ação perturbadora. No entanto, isso não autoriza aqueles que não são exorcistas a utilizar o Ritual de Exorcismo ou o Exorcismo de Leão XIII, conforme determinado pela Congregação para a Doutrina da Fé. No entanto, é permitido, por exemplo, que um cônjuge ou um pai, ao orar com fé no Senhor e ciente de que está cumprindo seu dever, ordene que o demônio cesse sua ação perturbadora para aliviar o sofrimento.”

Essa afirmação, vinda de uma das maiores autoridades da Santa Igreja, põe fim a uma questão que sempre gerou muita controvérsia e divisão dentro da comunidade cristã.

A Oração de São Bento contém uma ordem direta ao demônio

Na Oração de São Bento, encontramos claramente uma ordem direta dirigida ao demônio, embora esta seja principalmente uma oração pessoal, mais relacionada à expulsão do mal de nossas próprias vidas do que das vidas dos outros. Como o saudoso Frei Elias Vella nos ensinou, “na própria vida, o fiel tem mais liberdade para ordenar do que na vida dos outros”. Portanto, desde que não se utilize o Ritual Romano de Exorcismo ou o Exorcismo de Leão XIII, é permitido dizer “Em nome de Jesus, saia, espírito maligno!” No entanto, é fundamental lembrar que não devemos interrogar os demônios ou pedir que revelem seus nomes. Discernimento, prudência, estar em estado de graça e levar uma vida equilibrada são pré-requisitos essenciais para qualquer envolvimento no Ministério de Libertação.

Leia aqui artigo sobre a oração de São Bento

O que a Palavra de Deus diz

A Palavra de Deus, em Marcos 16:17-18, é bastante clara a esse respeito:

“Estes milagres acompanharão aqueles que crerem: em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos sobre os enfermos, e eles ficarão curados.”

No entanto, é importante lembrar que ao longo dos anos houve muitos excessos, especialmente por parte de leigos. A Igreja, como uma mãe sábia que orienta seus filhos, sempre procurou corrigir esses excessos e fornecer orientação adequada. Em nosso Portal, sempre enfatizamos seguir as orientações da Santa Igreja em qualquer formação ou curso que ministramos. Os pontos-chave são sempre os seguintes: tenho autorização para fazer isso? Estou agindo com obediência? Fui chamado para esse ministério? Devo realizar essa ação ou é responsabilidade de um sacerdote exorcista devidamente autorizado?

Quando nos mantemos em nosso devido lugar, as bênçãos fluem.

Jesus realizou exorcismos

O Senhor Jesus realizou vários exorcismos e nos deixou o mandato de que aqueles que crerem também expulsarão demônios em seu nome. Ao longo da história, vimos grandes santos expulsando demônios sem serem exorcistas, e também o contrário: exorcistas que encaminharam casos de possessão mais difíceis a santos para que fossem libertados em nome de Jesus.

Siga seu chamado com prudência

Lembre-se sempre de que o foco nunca deve ser o demônio, mas sim a proclamação do Reino de Deus, que leva à conversão. Se você sentir um chamado para o ministério de libertação, prepare-se adequadamente e busque orientação espiritual.

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Fonte: AIE

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