Demônio passa-se pela Virgem Maria em novo filme

No mês de Maria chega ao Brasil o filme de terror “Rogai por nós” (The Unholy, 2021).

O filme conta a estória de uma falsa aparição da Virgem Maria, causando terror e confusão em todos que Nela acreditam.

O roteiro do filme retrata a jovem Alice que possui deficiência auditiva e após uma suposta aparição da Virgem Maria, inexplicavelmente é curada e torna-se capaz de ouví-la, falar com ela e supostamente curar os doentes. O feito ganha notoriedade e a notícia se espalha, fazendo com que pessoas venham de longe para ver a adolescente e buscar uma cura milagrosa.

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Com o objetivo de apurar os milagres realizados pela jovem pela intercessão de Nossa Senhora, um jornalista desacreditado (Jeffrey Dean Morgan) vai em busca da história ideal para o ressurgimento na carreira. Ele encontra Alice em sua pequena cidade da Nova Inglaterra para conseguir exclusividade e retratar a história. O fenômeno explode pelos Estados Unidos, com muitos milagres acontecendo quando a jovem se põe a rezar para Nossa Senhora, mas acontecimentos aterradores fazem a situação se complicar. O Vaticano envia um sacerdote para investigar o que está acontecendo e as respostas não são nada animadoras: trata-se da própria Virgem Maria ou é o demônio fazendo-se passar por Ela? 

A Santa Igreja Católica é mãe e caminha nas estradas do mundo rumo ao céu, renovando a esperança de que um dia encontraremos com o Cristo Salvador. Ela estabelece critérios bem definidos, com o fim de que nós, os fiéis, estejamos protegidos dos falsos videntes e suas más intenções, dos videntes humanos – que até podem ter uma boa intenção, mas realmente não recebem revelações sobrenaturais – e das astúcias do demônio, que pode se fazer passar pelos Santos e até a Virgem Maria.

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Em 25 de fevereiro de 1978, o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Franjo Seper, assinou o documento “Normas para proceder no Discernimento de Presumíveis Aparições e Revelações”. Nele, está escrito:

“Quando a Autoridade eclesiástica for informada sobre uma presumível aparição ou revelação, será sua tarefa:

a) em primeiro lugar, julgar sobre o fato segundo critérios positivos e negativos (cf. infra, n. I);

b) em seguida, se este exame chegar a uma conclusão favorável, permitir algumas manifestações públicas de culto ou de devoção, prosseguindo na vigilância sobre elas com grande prudência (isto equivale à fórmula: «pro nunc nihil obstare»);

c) finalmente, à luz do tempo transcorrido e da experiência, com especial relação à fecundidade dos frutos espirituais gerados pela nova devoção, expressar um juízo de veritate et supernaturalitate, se o caso o exigir.” [1]

Ao Bispo (Autoridade eclesiástica) cabe analisar e julgar o que se passa no território diocesano em relação às aparições ou revelações particulares. Tomado pelo senso pastoral, ele investigará os fatos, se necessário, nomeando sacerdotes peritos que serão responsáveis por examinar com prudência o que está acontecendo. Se esse exame chegar a uma conclusão favorável quanto à revelação ou aparição, o Bispo pode até permitir algumas manifestações públicas de culto devocional a elas, nunca descuidando de examinar bem os frutos que podem produzir. Esse ponto é importante e extremamente sensível, pois não são poucos os ditos “videntes” de Nossa Senhora que não querem submeter-se a autoridade do Bispo. Principalmente porque as Aparições Marianas existem, mas não se dão em qualquer lugar ou esquina e nem para qualquer pessoa.

No Brasil, temos como exemplo o caso de Itapiranga, Amazonas, onde o fenômeno das aparições começou a acontecer em 1994 e foi declarado inverídico pela Diocese local em 2017. Somente o Vaticano pode emitir parecer contrário ao que determinar a Diocese, mas a situação precisa ter evidências de que há algum engano ou erro grave. Vemos, por exemplo, o que tem acontecido com o fenômeno de Medjugorje, onde acredita-se que a Virgem Santíssima ainda aparece para os “videntes” escolhidos.

Em relação ao filme, é desrespeitoso que seja lançado no mês da Virgem Santíssima. Contudo, sabemos que a ideia talvez tenha sido atrair uma multidão de pessoas – sobretudo os que não acreditam em Nossa Senhora – para os cinemas. Talvez, com a grave situação da Pandemia, “o tiro tenha saído pela culatra”.

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O demônio pode se fazer passar por Nossa Senhora e pelos Santos. Não são raros os relatos na vida de alguns Santos onde isso aconteceu. Como exemplo, citamos São Pio de Pietrelcina, que chamava o demônio de Barba Azul. Algumas vezes, relatou o Santo Frade Capuchinho, que viu o diabo tentar enganá-lo aparecendo-lhe como a Santíssima Mãe de Deus. Mas a farsa não durava muito tempo, pois o maligno nem de longe é capaz de agir como a Santa Mãe de Deus. A fim de evitar enganos, uma das coisas que os Padres antigos sempre recomendavam em situações de aparições é jogar água benta sobre ela para ver se desaparece ou permanece.  Santa Bernadete Soubirous fez isso com A Santíssima Virgem que lhe apareceu como a Imaculada Conceição e Nossa Senhora simplesmente sorriu e inclinou a cabeça para receber a aspersão da água bendita. A água benta, como sabemos, afugenta o maligno.

O trailer dá indícios evidentes de que uma presença maligna – e não Nossa Senhora – age sobre a jovem, principalmente durante as curas inexplicáveis. Mas é preciso dizer que o demônio é astuto e pode conseguir enganar as pessoas durante algum tempo.

Dado o grande misticismo envolto sobre os fenômenos, ele arrebanha multidões, coisa que vemos acontecer na vida real em muitos lugares onde falsos videntes alegam receber mensagens da Mãe de Deus. O primeiro critério que a Igreja sempre vai utilizar serão os frutos que ele está produzindo e se são duradouros. Depois, partirá para a análise dos fenômenos em si, que devem ter sua origem inexplicável confirmada pelo bem que produzem. Por exemplo, a Imaculada Conceição inspirou Santa Bernadete que ao lado esquerdo da Gruta de Massabiele deveria cavar, pois brotaria água na fonte que cura e liberta tantas almas há mais de 150 anos.

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Confirmando a autenticidade das aparições de Lourdes, o Bispo local Dom Laurence atestou, após exame criterioso, se tratarem de aparições genuínas da Mãe de Deus:

Inspirados pela Comissão composta por sábios, doutores e experientes sacerdotes que questionaram a criança, estudaram os fatos, examinaram tudo e pesaram todas as provas. Chamamos também a ciência, e estamos convencidos de que as aparições são sobrenaturais e divinas, e que por conseqüência, o que Santa Bernadette viu foi a Santíssima Virgem Maria. Nossas convicções são baseadas no depoimento de Santa Bernadette, mas, sobretudo, sobre as coisas que têm acontecido, coisas que não podem ser outra coisa senão uma intervenção divina.” [2]

Por fim, se você optar por assistir ao filme, como católico, deve atentar-se para:

  • que não é uma autêntica história de aparição da Virgem Santíssima;
  • que o filme exalta a figura do demônio tentando causar o mal;
  • os efeitos especiais visam assustar e trazer o medo;
  • a busca é por bilheteria e não por uma fé autêntica;
  • a Santíssima Virgem em todas as suas aparições autênticas e estudadas pela Igreja até os dias de hoje sempre repete duas coisas: oração e conversão;
  • a doce mãe de Deus não opera milagres e se os concede é por obra do Deus Altíssimo, que escuta as suas orações de intercessão;
  • as Aparições de Nossa Senhora tem o objetivo de sempre nos levar a Jesus e nunca contradizer a Igreja e seu Sagrado Magistério, muito menos a palavra de Deus. Ou seja: não podem trazer nada de novo!

Deus abençoe você.

Salve Maria!

Caso queria, você pode assistir ao trailer do filme:

Referências

[1] Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 25/02/1978. 

[2] Lourdes France: The encounters with the Blessed Virgin Mary

 

 

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