O cotidiano com a Palavra de Deus

“Vinde, benditos de meu Pai: tomai posse do reino preparado para vós desde o princípio do mundo, aleluia! ”
(Mat 25,34)

A Palavra de Deus é o bálsamo para a nossa vida, por isso ela precisa ser acolhida em um coração cheio de amor, pois:

“toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra. ” 2 Tim 3,16-17

Precisamos entender que a Palavra de Deus é lâmpada para iluminar a nossa caminhada neste mundo, ela clareia nosso caminho cotidianamente (cf. Sl 118,105).

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Quando recebemos a mensagem divina pela leitura e reflexão da Escritura Sagrada, a Palavra torna-se viva e eficaz em nossa vida; penetra as profundezas de nosso coração como uma espada de dois gumes, até dividir a alma e o espírito, a vida natural e a sobrenatural, a superficialidade e a essência humana.

A Palavra julga os pensamentos e as intenções do coração humano, levando o fiel a refletir sobre sua vida e sua espiritualidade. Caso opte pela vida restrita a este mundo, começa a agir conforme os intentos da ganância e da soberba e fica preso à temporalidade desta vida passageira, sem perspectiva para a vida eterna ao terminar sua carreira. Caso opte pela vida eterna, então começa a refletir sobre cada ato pessoal e percebe as consequências de seus atos na sua vida e na das pessoas à sua volta.

Inicia-se aí um processo de reflexão entre a Palavra e a vida cotidiana, começa um questionamento interior, buscando respostas às posições a serem adotadas ao longo da caminhada. Saídas firmadas na misericórdia e na justiça são encontradas, seguindo a regra de ouro: “tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a Lei e os profetas” (Mat 7,12), pois é o que deve nortear a vida de um cristão conscientizado nos termos das Sagradas Escrituras.

Ao inaugurar o processo de transformação interior à luz da Palavra de Deus, busca- se mais a Deus, procurando escutá-Lo. Com isso, sua alma começa a reviver e realiza com Deus uma eterna aliança, assumindo as promessas divinas ao longo da caminhada neste mundo. Essa postura diferenciada transforma a vida do fiel em testemunho para as pessoas circundantes, tornando suas ações um fio condutor à vida daqueles que dependem de suas decisões.

À medida que a pessoa começa a trilhar, permeando seu caminho pela Palavra de Deus, atingirá pessoas que nunca conheceu e outras que o ignoravam virão a ela, por causa do Senhor Deus, do Santo de Israel, que em tudo fará sua glória. Portanto, precisa-se buscar o Senhor, enquanto Ele se deixa encontrar e invocá-Lo. Vivamos este tempo de misericórdia em plenitude, pois, no tempo do julgamento, não prevaleceremos perante a justiça divina.

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É importante frisar que, quando se guarda no coração a Sua Palavra, não se ofende a Deus pelo pecado. Sendo assim, o retorno à Casa do Pai deve ocorrer agora, hoje, não dá tempo de se transferir para amanhã aquilo que precisa definir como meta de vida a partir de agora.

O devotamento da Palavra Divina, no coração humano, envolve alguns pontos fundamentais: PROCLAMAR a Palavra de Deus; MEDITAR dia e noite; CUMPRIR com fidelidade o que nela está escrito.

Os pontos acima evidenciados na vida do fiel farão com que a pessoa prospere cada vez mais e seja bem-sucedida em tudo que empreende. Realiza-se em sua vida o Salmo 1, 1-3:

“Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores. Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. Ele é como a árvore plantada na margem das águas correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende, prospera.”

Diante do panorama traçado acima, a Palavra de Deus tornar-se-á vida na vida humana a partir da abertura do coração, pois Jesus diz (Apo 3,20):

“Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo.”

A casa interior, aquela que se abre só por dentro, é o coração (a essência de seu ser), que é o mesmo que a alma da pessoa, onde estão os sentimentos, as emoções e os afetos. Por isso o mandamento maior deixado a nós por Jesus é (Mat 22, 36-40):

“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu o coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito (Dt 6,5) e o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). ”

Portanto, o coração humano opta pelo sentimento que deve nortear sua vida, o AMOR ou o ÓDIO. Caso opte pelo amor, colherá vida e vida em abundância. Porém, se opta pelo ódio, “semeia o mal recolhe o tormento: a vara de sua ira o ferirá.” (Prov 22,8)

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A pessoa que nutre em seu coração o sentimento de amor, tem emoções apaziguadas, torna-se uma pessoa mansa e tranquila, discípula do amor, que encara todas as situações exteriores com paz e confiança, sempre na esperança de dias melhores. A pessoa que nutre em seu coração o sentimento de ódio, torna-se raivosa, vingativa e chantagista, com ímpetos de agressão, sem motivos aparentes, tendo sempre um jeito amargo e negativo na análise das situações externas, murmurando e reclamando quando não se faz a sua vontade.

No Evangelho, segundo São Mateus (13, 4-9), assim disse o Mestre:

“Um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda. Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se, por falta de raízes. Outras sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras, enfim, caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um. Aquele que tem ouvidos, ouça. ”

Os discípulos de Jesus, quando estavam sozinhos com o Mestre, queriam entender a parábola do Semeador. Jesus a complementou em Mateus 13, 19-23:

“[…]quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho; O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida, mas não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, logo encontra uma ocasião de queda; O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa. A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um. ”

A maioria das pessoas hoje tem acesso à leitura da Bíblia, da Palavra de Deus. Logo, a semente é acessível a todo tipo de terreno, a todo tipo de coração humano. O primeiro é aquele coração fechado à graça e totalmente dominado pelo pecado e pelas coisas do mundo. A semente cai mas fica na superficialidade, não penetra na essência humana. Vem o Maligno e arranca a palavra semeada e a pessoa retorna à vida antiga, terreno fértil para a perdição eterna.

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o terreno pedregoso é aquela pessoa de coração empedernido, autossuficiente, que ela por ela se basta. Esta pessoa recebe a Palavra com alegria, mas, quando enfrenta uma tribulação ou uma perseguição por causa da Palavra, logo opta por algo contrário à vontade de Deus, não resiste e desiste, porque é uma pessoa sem constância, incrédula e, consequentemente, infiel.

Há o terreno cheio de espinhos. São os cuidados e apegos do mundo com todos os seus encantos. Nele cai a semente da Palavra divina, mas entre a proposta de vida plena e os cuidados do mundo e a sedução das riquezas, momento em que opta por continuar com a vida passageira e seus encantos efêmeros e a Palavra é totalmente sufocada e se torna infrutífera.

Por fim, há a terra boa. A semente que é semeada em terra boa, que ouve e compreende a essência da Palavra, produz frutos de testemunho de vida por onde andar e com todos que conviver.

Interessante constatar que a terra boa produz frutos concretos, que, sofre no mundo, com invejas, difamações e injúrias, como a ação de Pedro em Atos 3,6:

“Pedro, porém, disse: ‘Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda! ’”

Embora todas as perseguições por causa da Palavra, os apóstolos exultavam de alegria. É um exemplo para nós nos dias atuais, não podemos ceder a uma narrativa de ódio, injúrias, difamações e mentiras.

Precisamos semear, no mundo, a alegria, a esperança e a certeza de tempos melhores, haja vista que nosso Deus é o Deus que age quando já não temos mais o que fazer, Ele vem em socorro daqueles que lhes são fiéis.

Para que a fidelidade seja uma constante em nosso cotidiano, neste tempo, precisamos participar ativamente da Mesa da Palavra e da Eucaristia, alimentando-nos para que nosso peregrinar neste mundo encontre fundamento no Evangelho e para que possamos testemunhar que este mundo tem solução porque Deus é Pai. Então vejamos:

“Eles forçaram Jesus a parar: ‘Fica conosco, já é tarde e já declina o dia’. Entrou então com eles. Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho” (Lc 24,29-31).

No Evangelho acima, o Cristo Ressuscitado caminha conosco! Acontece, no entanto, que, assim como os discípulos de Emaús, muitas vezes estamos tão imersos em nossas dificuldades que não percebemos a presença do Senhor entre nós. Muitas vezes não entendemos os ventos contrários que sopram contra a nossa vida. Apavoramo-nos e acabamos mergulhando na tristeza e desesperança.

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A certeza de que o Senhor ressuscitou e caminha conosco muda toda a nossa compreensão diante dos fatos que nos deixam tristes. Precisamos deixar que a Palavra de Deus nos ilumine e nos direcione para a pessoa de Jesus; que as Sagradas Escrituras nos conduzam para o encontro com Jesus vivo e ressuscitado.

O Senhor está junto conosco, em nossa vida, de uma maneira muito simples. Fiquemos atentos para reconhecê-Lo e sentirmos sua presença ressuscitada conosco. Deixemo-nos iluminar pelo Cristo que caminha conosco.

O Ressuscitado está no meio de nós e O reconhecemos ao partir do Pão e nas Sagradas Escrituras. Assim como os discípulos de Emaús, sintamo-nos impulsionados a anunciar a boa nova da ressurreição onde quer que estejamos. Celebremos Sua presença na Palavra e na Eucaristia. É Ele que caminha vivo, é Ele que está ressuscitado no meio de nós.

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Seremos, então, “uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiquemos as virtudes daquele que das trevas nos chamou à sua luz maravilhosa.” (I Pe 2,9).

Deus seja louvado por cada coração que é terra boa para germinar a Palavra de Deus
no cotidiano da vida!

Marizete Martins Nunes do Nascimento
Procuradora Federal Aposentada

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