O dia em que recebi a oração pelo Brasil

Quando a conheci, aquela senhora de óculos simples e frágil nem de longe aparentava ser a mesma que era temida pelos demônios e tinha larga fama de saber rezar contra eles. Fui atrás de Maria Gabriela para que desse uma formação específica sobre o Ministério de Oração por Cura e Libertação no ano de 2014, para uma região da Diocese de Osasco.

Com o período de pandemia e devido a idade, ela teve que se resguardar, pois sempre rezava uma vez por mês às mil Ave-Marias, com os seus filhos espirituais. Foi num desses dias que ela me entregou essa oração pelo nosso Brasil, cunhada por ela própria, por inspiração de Deus:

Senhor nosso Deus, dignai-vos pela vossa misericórdia afastar do nosso país, o Brasil, Terra de Santa Cruz, a vossa cólera e a vossa exasperação, porque é devido às nossas iniquidades e aos pecados dos nossos governantes e devido aos pecados do povo brasileiro, que estamos vivendo estes tempos tão difíceis, com tantas provações.

Ouvi, pois, Senhor, a nossa prece suplicante. Vós sois um Deus cheio de misericórdia, por isso vos pedimos, fazei irradiar vossa face sobre o nosso Brasil.

Ó Deus Todo Poderoso, ouvi-nos, abri os vossos olhos para ver o sofrimento deste povo. É em nome de vossa grande misericórdia que humildemente suplicamos.

Este país foi marcado com a Santa Cruz, quando os portugueses aqui chegaram.

Não permitais que esta cruz caia, Senhor. Que os vossos Santos Anjos sustentem esta cruz e que o nosso país tenha um grande derramamento do Espírito Santo, para que assim o nosso Brasil seja livre da ganância, da corrupção, da imoralidade, das drogas e da violência.

Amém.

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Hoje, diante de tudo que estamos vivendo, vejo como essa oração é necessária.

Maria Gabriela, a quem os mais próximos carinhosamente chamam de “Madrinha”, durante mais de 30 anos foi a única pessoa na cidade de São Paulo a quem se poderia recorrer quando aconteciam fenômenos extraordinários, não compreendidos pelos médicos, mas que a Igreja sabe bem como tratá-los. Os fenômenos aconteciam, quase sempre, quando a pessoa tinha algum envolvimento com algum grau de ocultismo. Foi muito perseguida por rezar por essas pessoas, e de todas que a ela recorriam, quando via sinais de possessão diabólica, passou a dizer que a pessoa entrava em “surto maligno”, a fim de não entrar em conflito com a Igreja no Brasil, que naquele tempo insistia em dizer que a possessão diabólica era praticamente impossível de acontecer.

No ano 2000, Padre Rufus Pereira esteve no Brasil e soube que ela tinha o dom de rezar pela libertação das pessoas. Mandou chamá-la e durante uma das orações que conduzia, duas pessoas manifestaram sinais extraordinários da ação diabólica. Ele ficou ao lado dela e permitiu que ela ministrasse as orações. Ao final, disse:

“Diga a ela que está fazendo um bom trabalho!”

O peso da idade chega para todos, e com ela não foi diferente. Já há muitos anos, não “combate mais o inimigo”, por recomendação médica. Não possui mais saúde para isso.

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Como ela recebeu esse carisma de libertação?

A história se inicia com um carisma particular, recebido da parte de Deus, para ajudar as pessoas que sofriam com a ação extraordinária do demônio.

Naquele tempo, década de 80, ela frequentou um dos chamados “Seminários de Vida no Espírito”, promovidos por grupos de oração da Renovação Carismática Católica e ali, após receber uma oração, começou a sentir um calor incontrolável em todo o seu corpo. Tanto que, no segundo dia, não queria mais voltar para o encontro de oração. Mas perseverou e a partir dali, começou uma caminhada que, muitas vezes, foi muito dolorosa e cheia de perseguições.

Certo dia, uma “irmã” que participava do grupo de oração pediu que ela fosse visitar uma pessoa enferma, que há muito não levantava da cama. Como tinha participado do retiro, a companheira de grupo lhe disse que “estava cheia do Espírito Santo” e saberia como ajudar aquela alma que sofria. Na hora, aceitou o convite, pois sempre gostou muito de conversar e visitar as pessoas.

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Ao chegar à casa da enferma, foi logo recebida e dirigiu-se ao quarto, onde a doente se encontrava. Ali, vendo a pessoa na cama sem poder se levantar, teve uma inspiração: “colocar sobre ela a medalha de Santo Antonio que sempre carregava” em sua fronte. Para sua surpresa, no mesmo instante a mulher começou a rosnar como se fosse um animal raivoso. Até hoje, não sabe o que rezou e nem como encontrou as palavras que vieram à sua mente. Mas rezou.

Em uma dar formações que ela ministrava para aqueles que se sentiam impelidos a ajudar as pessoas que sofriam com problemas espirituais, disse com muita serenidade:

“As pessoas não queriam ficar perto de mim e pelas minhas costas me chamavam de ‘macubeira disfarçada’. “

Poucas pessoas sabem que ela não desejou esse carisma. Nunca pediu por ele e foi a Dom Joel Ivo Catapan, saudoso Bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo para a Região Santana, que ela recorreu quando começou a manifestar os sinais extraordinários. Marcou visita com o bispo, lhe contou o que estava acontecendo. Pediu que ele lhe desse “uma benção, para tirar aquele dom recebido”. Dom Joel a ouviu atentamente e ao final lhe disse que não podia fazer aquilo. Se Deus havia dado aquele dom, era vontade Dele que ela o utilizasse para proveito comum.

Para mim, contando seu testemunho, disse:

“Eu rezava e as pessoas simplesmente caiam no chão. Às vezes, era uma simples oração, uma Ave-Maria. Comecei a achar aquilo estranho. Chegaram a me dizer que eu tinha que desenvolver aquilo no Centro Espírita e eu, por falta de conhecimento naquela época, cheguei a aconselhar algumas pessoas que me procuravam a irem até um. Mas depois, com a orientação da Igreja, fui aprendendo como e o que devia fazer. Hoje, temos livros de grandes sacerdotes que nos ensinam como fazer, como rezar, mas naquele tempo, eu era sozinha com o Espírito Santo e não sabia a quem recorrer.”

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Os carismas extraordinários devem sempre ser confirmados pela autoridade da Igreja, na pessoa do Bispo diocesano. Ela já tinha essa confirmação, quando conversou com Dom Joel. Mas conseguiu ainda, por ajuda de uma amiga muito querida, ser recebida pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Geraldo Penedo:

“[…]Consegui ser recebida pelo Arcebispo de Aparecida, no dia 28 de outubro de 1988. Dom Geraldo Penedo. Passei uma tarde com ele em sua residência lá na cidade de Aparecida, onde pude expor todas as minhas dificuldades que estava passando por causa do atendimento às pessoas que entravam em surto maligno quando orávamos por elas. Ele me ouviu com todo carinho e atenção e me incentivou a continuar nesse trabalho. Depois, me levou à sua capela particular e ali me deu sua bênção para este meu Ministério, e me consagrou a Nossa Senhora. Glórias a Deus.”

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Deus sempre socorre os seus filhos, ainda mais quando lhes confia uma missão específica. Maria Gabriela seria ainda abençoada por um grande homem da Igreja, que foi Decano do Colégio Cardinalício:

“Depois, em 1990, Dom Agnelo Rossi que tinha sido Cardeal de São Paulo e que já há muitos anos estava no Vaticano, onde era o Decano do Colégio dos Cardeais, veio ao Brasil para tratamento médico, por causa da sua saúde muito delicada e também para estar perto de seus familiares. […]pude falar com ele e receber a sua benção.[…]Sempre que nos encontrávamos eu lhe falava das minhas dificuldades, no meu ministério e ele sempre me encorajava, dizendo para eu continuar e dando a sua bênção.” [1]

Hoje, vemos muitas pessoas ânsiosas para rezar em outras que possuem problemas espirituais. Mas esse tipo de oração não deve ser rezada por qualquer pessoa e é preciso o acompanhamento da Santa Igreja para que não haja exageros. Lembrando que os casos de possessão diabólica estão reservados ao Sacerdote Exorcista autorizado, casos dos quais é celebrado o Exorcismo maior, de acordo com as regras prescritas pelo Direito Canônico.

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Que Deus nos abençoe.

 

Referências

Cf. “Combatendo o bom combate: Orientações para cura e libertação”, p. 13 e 14. Ed. Palavra e Prece, 2008, 4ª edição.

 

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