O encontro com Jesus que cura

“Ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um cego sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. Ouvindo o ruído da multidão que passava, perguntou o que havia. Responderam-lhe: “É Jesus de Nazaré que passa”. Ele então exclamou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” Os que vinham na frente repreendiam-no rudemente para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais forte: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Chegando ele perto, perguntou-lhe: “Que queres que te faça?” Respondeu ele: “Senhor, que eu veja.” Jesus lhe disse: “Vê! A tua fé te salvou. E imediatamente ficou vendo e seguia a Jesus, glorificando a Deus. Presenciando isto, todo o povo deu glória a Deus.” Cf. Lc 18, 35-43, Bíblia Ave-Maria, p.1373.

 A passagem da cura do cego em Jericó é tão significativa que é narrada por três evangelistas (Lucas, acima, Mt 20, 29-34 e Mc 10, 46-52). Talvez, consigamos compreender o porquê do alto valor que lhe é dada analisando com carinho o belíssimo texto que inicia este artigo.

Vivia em Jericó um cego, habituado com a condição que a vida lhe impusera. À beira do caminho, pedindo esmolas, passava por mais um dia de súplicas, quando ouviu uma multidão que seguia Jesus, porque Nele reconheciam o Senhor.  Esse ponto de encontro é explicado por Frei Elias Vella como a primeira dimensão do encontro com Jesus que cura (Vella, p. 18).

Apresentado pela multidão ao Senhor que tudo pode, começou a gritar pelo caminho por Jesus, a fim de obter Dele piedade. Esse pedido deixa o Senhor confuso, pois a condição daquele cego era de dependência de uma deficiência que o privara de viver plenamente por toda a sua vida. O natural seria que o homem pedisse pela cura da cegueira, mas sabendo a quem estava pedindo, não hesitou em clamar por misericórdia.

Jesus é o Cristo que cura e ouvindo aquele pedido de misericórdia, confronta o cego, dando a ele a oportunidade de escolher o que deseja: “que queres que te faça!”.

A resposta não poderia ter sido mais honesta: “Senhor, que eu veja.”

Toda vez que o homem se distancia de Deus, preenche o seu coração com o vazio que só o mundo pode dar. Vazio não pode preencher nada, pois continuará vazio.

O homem tem necessidade de Deus e o Espírito Santo é o único capaz de preencher qualquer vazio:

“O Espírito Santo é a «água viva» que, no coração orante, «jorra para a vida eterna»). É Ele quem nos ensina a recolhê-la na própria Fonte: Jesus Cristo. Ora, há na vida cristã mananciais onde Cristo nos espera para nos dar a beber o Espírito Santo.” Cf. CIC nº 2652.

 Ainda tratando sobre a cura do cedo em Jericó, podemos compreender duras etapas pelas quais passa o homem quando decide aceitar Jesus como Senhor. A primeira delas, diz respeito ao aproximar-se do Senhor. Jesus está sempre a nossa espera, mas não raras as vezes somos deixados de lado pelos outros, incentivados a não ir a Jesus, repreendidos por incomodá-Lo. Estando na adversidade, somos tentados a desistir de buscar em Jesus a nossa cura, mas o cego de Jericó nos ensina que mesmo sendo impedidos de achegar-nos até Jesus, o coração tem que estar centrado em sua misericórdia para gritar, contra tudo e contra todos: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”

Um dos pontos mais importantes do encontro com Jesus que cura é a restauração causada por ele. Deus quer curar o homem por inteiro, a sua pessoa. O homem velho, doente, desesperado, abatido, amargurado é completamente curado pelo Senhor que nos ama.

A verdade com que devemos encarar a nossa vida diante de Deus e dos homens é um fator primordial, que pode acelerar a nossa cura ou fazer com que permaneçamos doentes. Paulo nos ensina:

“Nem vos enganeis uns aos outros. Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento.” Cf. Col 3, 9-10, Bíblia Ave-Maria, p.1510.

A necessidade do homem solta gritos de desespero, ocultos pela falta de amor e o egoísmo interior. Mostrar que estamos bem sem estarmos, muitas vezes, escancara para todos em quem nos transformamos.

Acabamos por exercitar as obras da carne, aquelas que Paulo vai nos ensinar claramente que são responsáveis por nos fazer perder a nossa salvação:

“Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno com já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!” Cf. Gl 5, 19-21, Bíblia Ave-Maria, p.1497.

Curados, libertos e cheio do amor de Deus, somos capazes de amá-lo e encontrar Nele o essencial para a nossa vida.

Que Deus nos ajude!

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