No último dia 10 de outubro de 2022, o renomado exorcista da Ilha de Malta, Frei Elias Vella, faleceu aos 81 anos. Seu legado será lembrado por gerações, principalmente dentre aqueles que acompanharam o seu trabalho, nos diversos países em que ao longo de quase 60 anos de ministério sacerdotal, teve a missão de visitar.
Padre Elias Vella nasceu na Bahia de São Paulo, Malta, uma Ilha localizada no centro do mar Mediterrâneo em 28 de fevereiro de 1941. Realizou seus estudos em Roma, onde formou-se em Teologia no ano de 1965 pela Universidade Laterana, sendo ordenado sacerdote um ano depois. Durante 24 anos foi professor de Teologia Dogmática e Pastoral no INSERM (Instituto Nacional Studiorum Ecclesiasticorum, Religiosorum Melietensium)
Ao longo de muitos anos, Frei Elias foi o principal exorcista de Malta e chefiou, a pedido de seu Arcebispo, a Comissão de Ocultismo e Satanismo da Igreja maltesa. Esse trabalho pastoral o tornou responsável por estudar os fenômenos relacionados ao ocultismo, espiritismo e satanismo.
Frei Elias esteve várias vezes no Brasil, sobretudo para pregar Congressos e Retiros da Renovação Carismática Católica e na Sede da Comunidade Canção Nova.
Em seu país, era figura conhecida em debates televisivos e em dezembro de 2020 pôde compartilhar sua experiência de exorcista na primeira temporada da série From The Fringe do Malta Today.
Padre Elias era um homem simples e confiante na misericórdia de Deus. Indagado sobre os fenômenos que podem acontecer durante um exorcismo, como cabeças que giram e a levitação, afirmou:
“Isso significa que o diretor colocou todas as atividades paranormais possíveis em uma pessoa e isso tornou o personagem bastante assustador. Você pode ter um indivíduo que vira a cabeça de maneira exagerada; você não imagina como ele ou ela é capaz de fazer isso, mas essas coisas podem acontecer. A elevação pode ocorrer e a agressividade é uma das ocorrências mais comuns, ou seja, você tem alguém que consegue achatar uma cadeira como se fosse um pedaço de papelão”.
O Padre Elias foi Ministro da sua Província de 1974 a 1986 e pároco da sua cidade natal. Em 1994, Vella foi condecorada com o Medalha de São Paulo pelo conselho local de Malta.
Frei Elias publicou mais de 40 livros, dos quais alguns são estão editados em português, a saber: O leão que ruge, O Diabo e o exorcismo, A cura do mal e a libertação do maligno, A cura através do amor etc. Era poliglota, tendo escrito em maltês, inglês, tcheco, eslovaco e português. Sua Páscoa rendeu-lhe homenagens em todo o mundo, como a do Fundador da Comunidade Aliança de Misericórdia, Padre João Henrique:
“Queremos manifestar a nossa unidade com todo o povo de Deus pela partida de Frei Elias Vella, um homem que muitas vezes se tornou para nós um profeta da Aliança de Misericórdia. Trata-se de um grande amigo e intercessor! Um homem humilde e sempre disponível para o serviço do Senhor. Foi um instrumento poderoso da misericórdia de Deus na vida de tantas pessoas, ministro de libertação e com dom de cura. Hoje nos unimos ao sofrimento da família e dos amigos, intercedendo juntos em nossas celebrações eucarísticas para que ele possa receber o prêmio merecido, por, em vida, estar ao serviço do Senhor e da evangelização. Pedimos sua intercessão para que nos edifique cada vez mais como rocha firmes da Palavra de Deus”.
Em seu país Natal, um conhecido da Comunidade, Bernard Grech, deixou sua homenagem na rede social dos Franciscanos Conventuais:
“Patri Elija, como é conhecido por muitos, fez muito bem a várias pessoas, e ficaremos gratos por isso”.
Um testemunho com Frei Elias
Em uma de suas vindas a São Paulo, Frei Elias Vella foi convidado a celebrar uma missa numa paróquia da Capital, bairro da zona sul. Um jovem sacerdote do local era uma pessoa com um carisma peculiar para rezar pela cura e a libertação das pessoas e durante suas missas, sempre aconteciam manifestações de maus espíritos.
Foi numa quarta-feira, durante uma missa que esse jovem padre deparou-se com um autêntico caso de possessão diabólica, com sinais extraordinários, logo após encerrar a celebração. Como não era exorcista, ficou três horas rezando com essa pessoa junto ao Santíssimo Sacramento até que a este saísse do transe. Na semana seguinte, o Frei Elias estaria em São Paulo para rezar uma missa nesta Paróquia e naquela noite, faltou luz na Igreja e no quarteirão inteiro da Paróquia. Aquelas pessoas que tinha estado em transe com o padre local estava na missa, mas o padre não teve como avisar o Frei Elias. Missa transcorreu normalmente e após a benção final, começou a adoração ao Santíssimo Sacramento. O possesso arqueou o corpo para frente, e de costas, caiu de quatro no chão, diante de todos. De longe, Frei Elias viu do que se tratava e em silêncio, direcionando suas mãos para aquela pessoa, começou a rezar por ela, que tranquilamente foi se acalmando e voltando a si. Ao final da missa, o frade franciscano chamou o padre para conversar e lhe perguntou se situações como essa sempre aconteciam em suas missas. Ao receber sinal positivo com a cabeça, exclamou: “Meu filho, continue doido assim mesmo!”
Fonte: Malta Today, Times Malta e Aliança de Misericórdia.
