O Invocaverso e a realidade: entre o fantástico e o real da atividade extraordinária do Maligno

Somos constantemente bombardeados por questionamentos como: o que vemos nos filmes é real? Há algum perigo espiritual em assistir tais reproduções cinematográficas? 

Nosso olhar deve estar mais além, no sentido de que temos um inimigo número 01 e como nos dizia o saudoso Pe. Rufus Pereira: 

“Nosso inimigo não é nosso vizinho ou algum parente, mas o demônio e isso não nos deve colocar em estado de tensão nervosa, como se estivéssemos encurralados, sem chance de vitória. Essa verdade de fé, deve reacender em nós o santo temor a Deus que nos faz adorá-Lo e derramar n’Ele as nossas vidas.”

Mas vamos lá: o que é o Invocaverso

Trata-se do nome dado à franquia de filmes “Invocação do Mal”, que tem como objetivo contar histórias do casal Warren (Ed e Lorraine): um casal americano, ditos sensitivos, demonologistas e caçadores de assuntos paranormais. Combinavam elementos holísticos, ou seja, abordagem científica e de cunho espiritual; envolvendo até elementos bem sincréticos no contato com os casos. Os filmes da franquia, até o momento, são: Annabelle (1, 2 e 3) A maldição da Chorona e A Freira (1 e 2). 

O primeiro volume da franquia, “A Invocação do mal” (Warner), foi lançado no ano de 2013 e traz a história – baseada em fatos reais – de uma família com 5 filhas que se mudam para uma casa. No local, começam a acontecer fatos estranhos que os pais associam a entidades malignas. Quando decide-se investigar acerca da casa para a qual se mudaram, descobrem um passado assombroso naquele lugar. É um caso típico de infestação demoníaca, evento bastante comum em ambientes onde já foram realizadas práticas abomináveis: rituais macabros, graves pecados; é como se houvesse por parte da entidade demoníaca um certo apego àquele lugar. Quais são os sinais que podem indicar uma possível infestação? Alguns exorcistas ensinam, dentre eles o saudoso Padre Gabrielle Amorth: portas e janelas que fecham e abrem sozinhas, mesmo sem corrente de ar, sangue que sai da torneira, objetos que se movem sozinhos. É sempre importante ressaltar, como sempre ensinamos no Portal, que o inimigo não é um deus do mal, ele não pode fazer tudo o que quer. E isso muitas vezes não é retratado nos filmes, pois, a indústria cinematográfica quer igualar o demônio ao Deus Todo-Poderoso e isso é uma mentira. O demônio não pode tudo! 

Os santos nos dizem e os exorcistas sempre nos recordam que os demônios agem sob o limite da permissão Divina e isso é Soberano. Então, quando agem por meio de alguma atividade extraordinária – como já mencionado em outros conteúdos aqui no Portal – estão, de certo modo, sendo instrumentos de Deus para a Salvação das almas. 

O segundo filme, “A Invocação do mal 2” (Warner) foi lançado no ano de 2016, e se parece um pouco com o primeiro: duas filhas apresentam sérios problemas após o envolvimento com um jogo chamado tábua ou tabuleiro ouija – inclusive, é um dos casos dos aumentos de atividade extraordinária, segundo os exorcistas. Nesse dito “jogo” faz-se expressas evocações dos mortos para que respondam às perguntas dos presentes e o dito “espírito”, que nada mais é do que um demônio, move a peça do tabuleiro, letra por letra, até formar a resposta para a pergunta realizada. Nas Sagradas Escrituras há proibições claras quanto a essa prática, pois, além de tratar-se de uma prática pagã, não são os mortos que nos respondem. 

Por fim, o último filme – até o momento – chama-se “A Invocação do mal 3” (Warner) e foi lançado em 2021, retratando a história de um jovem que é acusado de homicídio. A história nos mostra uma sucessão de eventos que demonstram sua possessão diabólica e a ordem do demônio que o possuía para que matasse uma pessoa. Em todos os volumes da saga, podemos ver um protagonismo do casal e as habilidades “sensitivas” de Lorraine. O trabalho dos casal Warren não consta que tenha recebido autorização oficial por parte da Igreja para realizar atividades de discernimento e libertação. Em um dos filmes da franquia, é mostrado que Ed foi obrigado a fazer um exorcismo maior (sim, isso mesmo!) e que a Igreja reconheceu como válida essa sessão de exorcismo. Contudo, não existe tal possibilidade  e, tampouco, que haja registros de vida de fé católica por parte de ambos ou que havia um sacerdote exorcista que os acompanhasse (eles citam alguns padres, mas alguns deles nem permissão tinha para exercer o ministério de exorcista, como o falecido para Malach Martin).

Há uma pergunta latente: quem enviou os Warren? 

Como já explicado, para que haja o exercício de um ministério é preciso que haja um chamado (é Deus quem chama) e um envio (confirmação da Igreja). Os leigos não estão autorizados a dar diagnósticos ou pareceres com relação à possíveis atividades extraordinárias, é algo que cabe somente ao sacerdote exorcista devidamente nomeado pelo ordinário local (Bispo diocesano), como ensina o Código de Direito Canônico. Tampouco podem, por si só, disporem-se a “resolverem” a situação sozinhos.

Nesse campo é inegociável a prática sadia e coerente da fé, pois o que está em jogo é a salvação eterna das almas: quem precisa de ajuda e quem se dispõe a ajudar. Ademais, é preciso que nos abasteçamos em fontes seguras, recomendadas e fiéis àquilo que nos ensina a Santa Igreja e caminhar de mãos dadas com o que ela nos ensina e orienta. 

Rezemos juntos essa bela oração atribuída a Santo Antônio que é bastante eficaz contra as ciladas do nosso inimigo e que pode ser rezada constantemente:

 

Ecce Crucem Domini! +

Fugite partes adversae! +

Vicit Leo de tribu Juda, +

Radix David! Alleluia!

 

Em português: 

Eis a cruz do Senhor! +

Fugi forças inimigas! +

Venceu o Leão de Judá, +

A raiz de David! Aleluia !

 

Referências: 

Livro: Não te deixes vencer pelo mal – as últimas palavras de um grande exorcista (Pe. Gabrielle Amorth)
Tecmundo
Olhar digital
Eu posso pedir exorcismo para alguém?
Obsessão diabólica

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