O que fazer com as imagens e objetos sacros quebrados?

As imagens dos santos e os objetos sacros nos ajudam a reconhecer a presença de Deus em nossa vida. Existem duas formas de objetos que devemos conhecer para compreender a diferença: o objeto religioso e o objeto sacro.

O objeto é religioso pela temática que representa, por exemplo uma camiseta da Virgem Maria, um chaveiro de São José etc.

Seja nosso assinante e ajude a manter essa obra de evangelização no ar!

O objeto é sacro quando, além da temática inerente, recebe uma benção constitutiva que o transforma num sacramental. Portanto, após a benção do sacerdote, torna-se um objeto sagrado que nos remete, principalmente, a Cristo.

Ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica:

“A imagem sagrada, o «ícone» litúrgico, representa principalmente Cristo. Não pode representar o Deus invisível e incompreensível: foi a Encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova «economia» das imagens:[1] ‘Outrora Deus, que não tem nem corpo nem figura, não podia de modo algum, ser representado por uma imagem. Mas agora, que Ele se fez ver na carne e viveu no meio dos homens, eu posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus […]contemplamos a glória do Senhor com o rosto descoberto.’” [2]

O Rituale Romanum possui as mais diversas bençãos para serem utilizadas em diversas ocasiões. Dentre elas, encontramos uma benção para imagens:

“Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, não reprovais a escultura ou a pintura de imagens (ou estátuas) dos santos, para que à sua vista possamos meditar os seus exemplos e imitar as suas virtudes. Nós vos pedimos que abençoeis e santifiqueis esta imagem, feita para recordar e honrar o vosso Filho e nosso Senhor, Jesus Cristo (ou a bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de nosso Senhor Jesus Cristo; ou São/Santa (Nome)). Concedei a todos os que diante dela desejarem venerar glorificar o vosso Filho Unigênito (ou a bem-aventurada Virgem; ou ‘nome do santo ou santa’), que, por seus merecimentos e intercessão, alcancem no presente a vossa graça e no futuro a glória eterna.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.” [3] (Asperge-se a imagem com água benta).

Seja nosso assinante e ajude a manter essa obra de evangelização no ar!

As imagens são sinais sagrados enquanto estão completas, inteiras. Quando elas se quebram ou, por exemplo, um terço perde as contas, deixam de nos remeter ao sagrado, não fazendo mais sentido que as utilizemos. Sendo assim, quando não é possível restaurar as imagens ou objetos religiosos, o melhor a se fazer é dar um fim digno a elas.

Se for uma imagem de gesso, convém terminar de quebrá-la e enterrar no quintal ou num jardim, pois não convém jogar no lixo uma imagem que um dia foi sinal da presença de Deus para nós.

Se forem de papel ou madeira, podem ser queimadas e as cinzas igualmente enterradas no quintal ou jardim de casa. Mas nada supersticioso! Trata-se apenas da dignidade que conferimos a um símbolo sagrado que já utilizamos.

Seja nosso assinante e ajude a manter essa obra de evangelização no ar!

As imagens sacras podem ser amaldiçoadas?

Sim, pois o sentido de abençoá-las não é somente para que sejam sinais da presença de Deus, mas também evitar que sejam infestadas pela presença do demônio e sua influência.

O saudoso Padre Rufus Pereira contou-nos um caso que atendeu em seu país natal, a Índia, acontecido com a família de um de seus auxiliares. Ele mesmo tinha dificuldades em acreditar que o demônio podia apossar-se de objetos, até testemunhar essa situação:

“O inimigo pode usar objetos religiosos colocando força maligna neles, eu não acreditaria nisso, se eu mesmo não tivesse visto. Havia uma família em Bombain muito próxima a mim. A mãe da família me ajudava a rezar por libertação e o filho mais jovem era também meu assistente. Eles tinham um grupo de oração em casa. Um dia, esse jovem acabou me dizendo: “Padre, tenho vergonha de lhe dizer, mas nos últimos nove meses tenho dificuldade de rezar e ficar em casa, prefiro ficar fora. Na nossa casa não tem mais amor e partilha. O senhor poderia rezar uma Missa pela cura da nossa família?” Eu rezei a Missa pela cura da família. Depois da Missa trouxeram uma estátua do Sagrado Coração de Jesus, muito linda, muito cara. Eu abençoei a estátua e rezei, e enquanto estava fazendo isso, a esposa do irmão mais velho, que era filipina, caiu no chão e começou a falar possessa pelo demônio, que usava a voz da esposa de um casal amigo deles, que era sócio na empresa; era um casal hindu. E quando eu abençoava a voz era da esposa do sócio, e ela começou a falar a língua que ela não conhecia e começou a dizer em hindu: “eu dei essa estátua para essa família e coloquei maldição para destruir essa família porque são casais amados, enquanto meu casamento é tão ruim, são tão ricos e nós temos todo tipo de problemas. Coloquei uma maldição nessa imagem caríssima para destruí-los”. O demônio usa até de objetos sagrados. Quando ela voltou a consciência não sabia o que estava acontecendo e não contei para ela. Eu disse para essa família que estátua tinha que sair da casa naquela noite, que não poderiam mantê-la nem por mais um dia. Eles pegaram dois martelos, quebraram a estátua em vários pedaços e jogaram no mar e continuaram a fazer o lindo trabalho no ministério.” [4]

Seja nosso assinante e ajude a manter essa obra de evangelização no ar!

Como reconhecer imagens amaldiçoadas?

Precisamos ter muita atenção com esse ponto, para que são se torne superstição.

São três pontos essenciais que devem ser levados em consideração nessa análise:

 

  1. A procedência da imagem ou objeto sacro

O primeiro ponto a ser analisado é que devemos ter muita prudência quanto à procedência das imagens e objetos sacros adquiridos. Vários deles são vendidos em locais de fé ocultista, pagã e até satanista; inclusive nossas imagens de santos e da Beatíssima Virgem Santíssima. Quando são adquiridos nesses lugares, não é prudente que sejam levados para serem abençoados por um sacerdote, pois assim como existem casas infestadas — que mesmo após serem exorcizadas, por permissão de Deus, tornam-se inabitáveis —, pode acontecer o mesmo com imagens e objetos sacros, podendo estar infestados e assim permanecer mesmo após a benção realizada por um sacerdote da Igreja. Também existe a possibilidade de um objeto bento ser maleficiado pelo demônio. Em ambos os casos, isso acontece porque a benção não é exorcística. A este respeito, o novo ritual de exorcismo, em seu Apêndice, possui um rito para ser usado em casos de infestação (atividade extraordinária do demônio em locais, animais e objetos). Havendo fundada suspeita (atenção a este ponto!), então se deve procurar um exorcista para que exorcize o objeto. Lembramos que o rito pode ser usado para qualquer coisa: imagem sacra, roupa, objeto de decoração (vaso, quadro etc.), comida etc.

Seja nosso assinante e ajude a manter essa obra de evangelização no ar!

  1. Adquirir os objetos em locais de reconhecida fé

O segundo ponto é que as imagens e objetos sacros, por prudência, devem ser adquiridos em locais de reconhecida fé e que os seus fabricantes manifestem certo temor a Deus. Existem locais católicos altamente confiáveis, que fazem um trabalho sério, onde podemos adquirir imagens e objetos sem precisar recorrer a locais em que seus proprietários não são nem mesmo cristãos. Apoiar o comércio de não católicos em detrimento de católicos genuínos, não é uma questão ética aceitável, pois estamos deixando de favorecer pessoas que professam a mesma fé que nós, além de possuir uma melhor compreensão do que significam tais objetos sagrados. Assim, adquiri-los em santuários, paróquias, junto a artesãos cristãos de boa índole, é o mais adequado. Não recomendamos, por exemplo, comprar velas ou outros objetos sacros em supermercados e lojas de conveniência que não se sabe a procedência ou se conhece quem as produz.

 

  1. Pistas para saber se minha imagem ou objeto é amaldiçoado

Para finalizar, existem pistas que nos levam a constatar se determinada imagem ou objeto estão ou não amaldiçoados, mas nada disso deve ser levado a cabo sem a ajuda e o discernimento de um sacerdote equilibrado da santa Igreja, não propenso a credulidade. Lembremos do testemunho do Padre Rufus, narrado mais acima.

O sacerdote fará uma investigação a respeito do que levou a pessoa a crer que aquela imagem ou objeto está amaldiçoado, perguntará onde foi comprada a imagem, se foi abençoada, por que acredita que ela está amaldiçoada, se há fenômenos ligados a ela que acontecem ou se começaram a acontecer a partir do momento em que a imagem chegou na residência, se os membros da família sentem algo quando estão próximos a imagem, se foi um presente, quem o deu, por que o deu etc.

O mais importante é observar, do modo mais neutro possível (sem ideias pré-concebidas), os fatos ocorridos depois da chegada da imagem ou objeto em questão.

Seja nosso assinante e ajude a manter essa obra de evangelização no ar!

Pode acontecer de o sacerdote abençoar a imagem ou o objeto e os fenômenos cessarem, pode acontecer o que narrou o Padre Rufus, como também pode ocorrer de os fenômenos continuarem ou até piorarem. Ressaltamos que não podemos ser superficiais nesse ponto, usando de artifícios “aparentemente espirituais”, sem compreender com clareza a situação. Se todos na família se sentem desconfortáveis com aquela imagem ou objeto sacro, nada impede a família de destruí-lo ou jogá-lo no mar, enterrar seus restos num terreno ou jardim e adquirir outro de boa procedência e que seja abençoado por um sacerdote da Igreja.

Que Deus nos abençoe.

 

Referências

[1] CIC 1159
[2] São João Damasceno, De sacris imaginibus oratio 1, 16: PTS 17, 89 e 92 (PG 94, 1245 e 1248).
[3] Ritual de Sacramentos e Sacramentais, 1965, CNBB, p. 338, Benção de Imagens, Rit. Rom.tít. IX, cap. IX, 15.
[4] Testemunho do Padre Rufus dado em palestra em 15/11/2010, na Comunidade Canção Nova.

plugins premium WordPress